As tropas israelenses e os combatentes do Hamas continuam com intensos combates, nesta sexta-feira (8), nas principais cidades da Faixa de Gaza, principalmente no Sul.
Depois de uma primeira fase da ofensiva centrada no norte de Gaza, o exército israelense avançou com suas operações para o Sul, onde quase dois milhões de civis deslocados se refugiam, encurralados num território cada vez mais reduzido.
Soldados de Israel estavam combatendo militantes islâmicos em Khan Younis, a cidade mais importante do sul da Faixa de Gaza, mas também no Norte, na cidade de Gaza e no setor vizinho de Jabalia.
O balanço da ofensiva israelense atingiu, na quinta (7), 17.177 mortos — 70% dos quais mulheres e menores de 18 anos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que controla o território.
Em uma chamada com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, “insistiu na necessidade absoluta de proteger os civis e diferenciar a população civil do Hamas”, disse a Casa Branca. O país norte-americano tem apoiado firmemente Israel após o ataque de 7 de outubro perpetrado pelo Hamas, mas está cada vez mais preocupado com o número de vítimas civis na Faixa de Gaza.
Israel prometeu aniquilar o movimento islâmico, considerado terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, após do ataque que deixou cerca de 1,2 mil mortos em território israelense e 240 reféns, segundo autoridades de Israel.
Na noite de quinta-feira, a televisão israelense transmitiu vídeos de dezenas de palestinos com roupas íntimas e olhos vendados, supervisionados por soldados na Faixa de Gaza — imagens que geraram controvérsia nas redes sociais. O exército israelense disse que estava investigando para “verificar quem está ligado ao Hamas e quem não está”.
Traumatizado pelo ataque de 7 de outubro e em meio às hostilidades da guerra, Israel começou a celebrar a festa judaica de Hanukkah na quinta-feira. Em Tel Aviv, famílias e amigos de reféns mantidos pelo Hamas acenderam velas em um candelabro de 138 braços em memória do número de pessoas ainda em cativeiro após 80 serem libertadas durante uma trégua em Novembro.
Exôdo
A expansão da operação terrestre israelense provocou um êxodo de milhares de pessoas de Khan Younis em direção a Rafah, no Sul, próximo à fronteira egípcia, local onde chega ajuda humanitária, embora em quantidade limitada.
— Há dois meses, nos movemos de um lugar a outros (...). Estamos muitos cansados, dormimos na rua — disse Abdullah Abou Daqqa, que chegou nesta cidade fronteiriça depois "dos dois meses mais duros" de sua vida.
Além dos bombardeios e da operação terrestre, Israel impõe um cerco total à Faixa de Gaza desde 9 de outubro. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o sistema de saúde está “de joelhos” na Faixa de Gaza, com a maioria dos hospitais do Norte inoperantes e os do Sul sobrecarregados com milhares de feridos. O combustível, necessário para operar geradores hospitalares e equipamentos de dessalinização de água, também é escasso.
O governo israelense autorizou esta semana a entrega de um “suplemento mínimo” de combustível para evitar um “colapso humanitário” e epidemias na Faixa de Gaza, dois dias depois de Washington ter lançado um apelo sobre este assunto.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 1,9 milhão de pessoas foram deslocadas pela guerra, que destruiu ou danificou mais de metade das casas do território.
O aviso de Netanyahu ao Hezbollah
O conflito reacendeu as tensões na fronteira entre Israel e Líbano, onde há tiroteios cotidianos entre o exército israelense e o grupo libanês Hezbollah, aliado ao Hamas.
O exército e os serviços de emergência israelenses anunciaram, nesta quinta-feira (7), a morte de um civil no Norte devido ao disparo de um míssil antitanque reivindicado pelo Hezbollah. À noite, as forças armadas relataram dois feridos devido a outro míssil antitanque e anunciaram ataques aéreos contra bases do Hezbollah.
Netanyahu emitiu um novo aviso ao movimento xiita libanês:
— Sugiro que os nossos inimigos prestem atenção, porque, se o Hezbollah decidir desencadear uma guerra total, transformará Beirute e o sul do Líbano em Gaza e Khan Younis.