O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, criticou, nesta segunda-feira (4), o que afirmou ter sido uma ordem do Exército israelense para esvaziar, no prazo de 24 horas, um armazém de material médico no sul da Faixa de Gaza.
"Hoje, a OMS recebeu uma notificação das Forças de Defesa de Israel para que retiremos as provisões de nosso armazém médico no sul da Faixa de Gaza em um prazo de 24 horas, pois as operações terrestres o tornarão inutilizável", escreveu Tedros Adhanom na rede social X, antigo Twitter (confira abaixo). "Pedimos a #Israel que retire esta ordem e tome todas as medidas possíveis para proteger os civis e as infraestruturas civis, incluindo os hospitais e as instalações humanitárias", acrescentou.
Por outro lado, o setor do Ministério da Defesa israelense encarregado de assuntos civis palestinos (COGAT, na sigla em inglês) negou a versão de Tedros Adhanom. "A verdade é que não lhe pedimos para esvaziar os armazéns e deixamos isto claro (inclusive por escrito) aos representantes relevantes da ONU", respondeu o COGAT na rede social X (confira abaixo). "De uma autoridade da ONU, esperaríamos pelo menos que fosse mais precisa", completou.
Ahmed Al-Mandhari, diretor do escritório regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, disse, em coletiva de imprensa no Cairo, que a agência estava muito "preocupada com a retomada das hostilidades, inclusive os bombardeios intensivos em Gaza".
O número crescente de mortos e a crise humanitária que castiga o território palestino geraram uma onda de indignação no mundo. Segundo a OMS, o número de hospitais operacionais caiu de 36 para 18 em menos de 60 dias. Apenas três deles prestam primeiros socorros, enquanto os demais só oferecem serviços parciais. No sul de Gaza, ainda há 12 hospitais operacionais, de acordo com a OMS.
Nesta segunda-feira (4), o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, afirmou que, desde o início do recente conflito, 15.899 pessoas morreram nos bombardeios e na ofensiva israelense em território palestino.
Israel bombardeia e realiza uma incursão na Faixa de Gaza em resposta ao ataque lançado por milicianos islamistas em solo israelense em 7 de outubro, no qual mataram cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civis, e sequestraram 240, segundo as autoridades israelenses.