Israel ampliou nesta segunda-feira (4) sua ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que aumenta a preocupação internacional com o número elevado de civis mortos na guerra, iniciada pelos ataques do grupo terrorista em 7 de outubro.
O retorno a uma guerra aberta após o fim da trégua teve um efeito dominó em uma região à beira de uma grande conflagração.
Desde o fim da trégua na sexta-feira (1º), os combates em Gaza foram retomados entre os integrantes do Hamas e os soldados israelenses, assim como os lançamentos de foguetes contra Israel e os bombardeios aéreos contra o território palestino.
O Exército israelense relatou no domingo (3) que vários foguetes foram lançados a partir de Gaza, a maioria dos quais foram interceptados.
O governo de Gaza, controlado pelo Hamas, e a agência oficial palestina Wafa informaram que a entrada do hospital Kamal Adwan, no norte do território, foi atingida por um ataque. Várias pessoas morreram no local, segundo a Wafa. O Hamas acusou Israel de "grave violação" do direito humanitário.
Questionadas pela AFP, as Forças de Defesa Israelenses (FDI) não comentaram o suposto ataque.
Israel afirma que o Hamas utiliza os hospitais e outras instalações civis com objetivos militares, o que o grupo islamista nega.
— As FDI continuam expandindo sua operação terrestre contra as principais frentes do Hamas na Faixa de Gaza — declarou o porta-voz militar de Israel, Daniel Hagari. — Onde existe um reduto do Hamas, as FDI operam no local — acrescentou Hagari no domingo.
Impasse nas negociações
Israel prometeu aniquilar o Hamas como represália ao ataque de 7 de outubro, que deixou 1,2 mil mortos, a maioria civis, e 240 sequestrados, segundo as autoridades israelenses.
O Ministério da Saúde de Gaza, sob controle do Hamas, afirma que mais de 15,5 mil pessoas morreram no território desde o início da ofensiva israelenses — mais da metade mulheres e menores de idade.
Sob uma trégua obtida com a mediação do Catar, além do apoio do Egito e dos Estados Unidos, 80 reféns israelenses foram liberados em troca da saída de 240 detentos palestinos das prisões de Israel.
Mais de 20 reféns adicionais também foram liberados em Gaza, a maioria tailandeses que trabalhavam em Israel.
No sábado, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou a saída dos representantes israelenses do Catar "após um impasse nas negociações" para renovar a trégua.
Com 137 reféns ainda em Gaza, segundo o Exército israelense, o Hamas descartou novas libertações até o anúncio de um cessar-fogo permanente.
As FDI informaram no domingo que efetuaram quase 10 mil bombardeios aéreos desde o início da guerra.
— Nas últimas horas, apenas 316 mortos e 664 feridos puderam ser retirados dos escombros e transportados para hospitais, mas muitos outros ainda estão sob os escombros — afirmou o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al Qudra.
— Estou ficando sem palavras para descrever os horrores que atingem as crianças aqui — disse James Elder, porta-voz da Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em um vídeo do hospital Nasser em Khan Yunes. — Este é o pior bombardeio na guerra no sul de Gaza. Estou vendo muitas vítimas crianças — acrescentou.
Drones no Mar Vermelho
O governo dos Estados Unidos, que fornece bilhões de dólares em ajuda militar anual a Israel, intensificou os apelos por proteção aos civis de Gaza.
— Muitos palestinos inocentes morreram — declarou a vice-presidente Kamala Harris na COP28, em Dubai.
Eylon Levy, porta-voz do governo israelense, culpou o Hamas pelas mortes e disse que as vítimas "estariam vivas" se o grupo islamista não tivesse executado os ataques de 7 de outubro.
Em meio a temores de uma propagação do conflito pela região, um destróier americano derrubou vários drones sobre o Mar Vermelho quando auxiliava navios comerciais que foram alvos de ataques procedentes do Iêmen, informou o Comando Central dos Estados Unidos.
Rebeldes houthis no Iêmen, apoiados pelo Irã, afirmaram que atacaram dois navios. Também lançaram drones e mísseis contra Israel nas últimas semanas.