A Polícia Civil cumpriu, nesta quarta-feira (13), mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete do vereador em exercício Pablo Melo (MDB), um dos investigados por suspeita de desvios de recursos e direcionamentos de compras da Secretaria Municipal da Educação de Porto Alegre (Smed).
Os policiais finalizaram o trabalho iniciado na terça-feira em função do vereador estar em viagem. Pablo está no Distrito Federal.
Na terça-feira (12), durante nova fase da Operação Capa Dura, a polícia cumpriu contra ele ordem judicial de afastamento das funções públicas por 180 dias. Com a decisão, o emedebista tem de deixar a atividade parlamentar. Ele é filho do prefeito Sebastião Melo, que não é investigado.
As medidas contra Pablo e outros investigados foram autorizadas pelo 1º juizado da 1ª Vara Estadual de Processo de Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro. A Polícia Civil informou, em nota, que a suspensão de exercício da função pública "garante a integridade das investigações, afastando suspeitos de envolvimento nos ilícitos".
Terceira fase da operação
A ação que começou a ser desencadeada na terça-feira, liderada pela 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (1ª Decor), investiga supostos crimes de fraude licitatória, associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa na Smed. Nesta nova fase, o trabalho teve foco em decifrar o suposto papel de personagens que participaram de uma reunião no gabinete do prefeito Sebastião Melo em julho de 2021. O encontro teria sido decisivo para inserir nos negócios da Smed o grupo econômico representado pelo empresário Jailson Ferreira da Silva, outro dos investigados e considerado foragido pela polícia. Há ordem de prisão preventiva contra ele. Em janeiro, ele já havia sido preso temporariamente.
A terceira fase da Operação Capa Dura cumpriu outros 11 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul e em São Paulo e dois de prisão preventiva. O ex-vereador Alexandre Bobadra (PL), também suspeito de ter intermediado a aproximação de Jailson com a Smed, foi afastado da função pública na Polícia Penal, onde é servidor de carreira.
Um titular de Cargo em Comissão na Procuradoria-Geral do Município, Mateus Viegas Schonhofen, sofreu buscas e foi afastado da função pública por 180 dias. Ele é tesoureiro do MDB de Porto Alegre. Outro ocupante de cargo de confiança na PGM, Reginaldo Bidigaray, e o advogado Maicon Callegaro Morais, que já atuou na prefeitura de Porto Alegre e que atualmente não exerce função pública, foram presos preventivamente, sem prazo para soltura.
Contraponto
O que disse o vereador Pablo Melo:
"Reitero que recebi com surpresa a informação de que, por decisão judicial, fui afastado das funções públicas pelo prazo de 180 dias. Estou absolutamente à disposição das autoridades para qualquer tipo de esclarecimento. Confio na Justiça e tenho certeza de que todos os fatos serão apurados o mais rápido possível. O maior interessado que isso aconteça sou eu. Reforço que nos 22 anos em que sou filiado ao meu partido, não tive qualquer tipo de ação ou conduta que desabonasse minha trajetória política. Já constitui advogado para ter acesso aos autos e consequentemente buscar o verdadeiro entendimento de tudo que está acontecendo."