O jornalista Guilherme Jacques colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço.
A expectativa do setor de construção civil gaúcho é de que o problema da falta de recursos para financiamentos imobiliários se repita em 2025. Há verba que está chegando a algumas agências da Caixa Econômica Federal para aliviar o gargalo que se formou em 2024, mas ela não será suficiente para dar conta da demanda de todo o ano.
– Agora, em janeiro, principalmente no Interior, a gente vê que volta a movimentar o mercado, mas, certamente, ali por agosto, setembro, teremos o mesmo impacto com a falta de funding – previu o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Claudio Teitelbaum, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Frente ao cenário complicado, ele ainda aponta outros fatores macroeconômicos que complicam mais a situação: inflação e dólar altos, a incerteza quanto às medidas fiscais adotadas pelo governo e a Selic que deve seguir em elevação, retirando ainda mais recursos da poupança, a maior fonte de custeio dos financiamentos imobiliários. Não à toa que a Caixa, que detém a maior fatia do mercado e baliza o comportamento dos demais bancos, aumentou os juros dos financiamentos no início do mês – e, em novembro, já havia aumentado o percentual necessário de entrada para viabilizar o financiamento , além de endurecer outras regras.
Segundo Teitelbaum, mudanças no limite do depósito compulsório da poupança estão sendo discutidas pelo setor junto ao governo federal. Lembrando: o depósito compulsório não tem qualquer relação com confisco, trata-se do percentual que entra na caderneta e é retido pelo banco para proteger o sistema financeiro, o que não impede que o poupador acesse seu dinheiro na conta a qualquer momento. Hoje, 24,5% do que é colocado na caderneta vai para essa reserva de emergência das instituições financeiras, enquanto 65% é direcionado às operações de crédito imobiliário, segundo a lei.
– Isso poderia gerar mais pulmão para o recurso da poupança, não ficando tão limitado – avaliou.
Apesar tanto da enchente quanto da falta de recursos de financiamento, o que fez com que construtoras pisassem um pouco no freio em relação aos seus lançamentos, o setor terminou o ano com um resultado estável em comparação a 2023 no Rio Grande do Sul.
Melhor relacionamento
Também acompanhando de perto o desenrolar do assunto, a diretora do Sindimóveis-RS Simone Carvalho reforça ter ouvido sobre uma liberação de recursos para desafogar ao menos uma parte dos financiamentos enfileirados na Caixa Econômica Federal. Pontua, porém, que não há informação de quanto seja o montante. E complementa, sinalizando que, diante desse cenário, clientes com melhor relacionamento com o banco devem ter prioridade na tramitação.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna