Os financiamentos imobiliários pela Caixa Econômica Federal (CEF) estão travados pela falta de recursos financeiros para bancar os empréstimos. A coluna está recebendo relatos de funcionários do banco, de consumidores e de entidades do mercado de imóveis. Alguns apontam semanas sem conseguir assinar um contrato.
Procurado pela coluna, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Claudio Teitelbaum, contou que está demorando para liberar novas obras do Minha Casa Minha Vida, o que é um sintoma da falta de recurso para financiar. O maior problema é o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), fonte usada para políticas habitacionais. O Ministério do Trabalho prepara um projeto para enviar em novembro ao Congresso para acabar com o saque-aniversário. Enquanto isso, o setor da construção civil negocia, nacionalmente, o uso de dinheiro da tesouraria da Caixa, mas ele é mais caro.
- Se o "funding" vem via tesouraria, dobra o custo, passando de 8% a uma taxa de 15% a 16% ao ano. Esse custo das construções acaba repassado ao consumidor - diz Teitelbaum.
Corretores de imóveis, que fazem o encaminhamento dos pedidos, trazem os mais diversos relatos. Alguns contam que o funcionário da Caixa fala abertamente que o banco está sem dinheiro para financiar. Outros afirmam que o pedido é "empurrado com a barriga", com a solicitação de novos documentos e reanálises de crédito.
Vice-presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Rio Grande do Sul (Sindimoveis RS), Sandro Polachini percebe sinais de falta de recurso em etapas de pagamento a construtoras. Ressalta também que a demanda pelo Minha Casa Minha Vida deu um salto em 2024.
Atualização - Leia também: Caixa Econômica Federal financiará valor menor de imóveis; contratos estão parados por falta de verba
O problema de "funding" não é de hoje. Há anos se discute a busca por novas fontes de recursos para bancar os empréstimos. Outra origem é a caderneta de poupança, que vem com os saques superando os depósitos há bastante tempo, o que se intensificará com a alta da taxa de juro Selic, que torna outros investimentos conservadores mais atrativos.
Ainda em junho, em um evento do setor imobiliário, a vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês Magalhães, alertou para "um certo esgotamento" de recursos. Quais têm sido as alternativas levantadas? Uma é atrair investidores para Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que bancam parte do financiamento habitacional. Outra é reduzir a necessidade de depósito compulsório pelos bancos, permitindo que mais dinheiro circule. O desafio é baratear esses recursos, pois são mais caros do que os do FGTS e da poupança.
A despeito de todos esses relatos, a assessoria de imprensa da Caixa enviou uma breve nota dizendo que as contratações estão "dentro da normalidade". Banco não aceitou dar entrevista para esclarecer o assunto.
Confira alguns dos relatos dos leitores:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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