Governador em exercício e secretário estadual da Segurança Pública, o delegado Ranolfo Vieira Júnior entende que a pirataria no setor de tabaco só se combate com inteligência policial. A análise foi feita durante reunião da Comissão de Combate à Informalidade, na Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), nesta quarta-feira (5).
A falsificação de cigarros foi tema da série de reportagens A Pirataria da Pirataria, publicada esta semana pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI). A reportagem mostra, com gravações, como empresários aliciam estrangeiros e montam fábricas ilegais de cigarros no Rio Grande do Sul.
A economia subterrânea — informalidade, pirataria e sonegação —, movimentou R$ 76,48 bilhões no RS em 2018, de acordo com levantamento da Fecomércio. Apenas em Porto Alegre, os valores chegaram a R$ 13,74 bilhões.
Ranolfo falou sobre como o combate inteligente ao crime organizado, uma das premissas do programa, é essencial na investida da segurança contra a informalidade.
— A fabricação de cigarros clandestinos, por exemplo, se combate a partir de onde é fabricado, como é distribuído, e isso se responde com a inteligência — disse.
O governador em exercício ressaltou ainda que haverá um reforço no efetivo policial organizado em grupos especiais a partir do segundo semestre, dando mais condições de trabalho no combate à criminalidade.
— Temos 2 mil brigadianos em formação que, a partir de agosto, estarão nas ruas, e 425 policiais civis que, em julho, estarão atuando. A partir de uma lotação estratégica desses grupos, vamos dar visibilidade aos policiais nas ruas, bem armados e equipados, e com isso temos possibilidade de melhorar a sensação de segurança e também promover o enfrentamento da informalidade e do contrabando, questões importantes pelo reflexo que têm na cadeia econômica — afirmou.
O deputado estadual Issur Koch (PP), que comanda a Frente Parlamentar de Combate à Pirataria, ao Contrabando e ao Descaminho, também se pronunciou e disse que a legislação deve mudar.
—A população precisa se conscientizar do que há por trás do comércio informal. O camelô fica com uma migalha dos vultuosos ganhos da pirataria e do contrabando. Quem lucra é o crime organizado, que só no ano passado trouxe perdas superiores a R$ 190 bilhões à arrecadação do País.
O coordenador da comissão e vice-presidente da Fecomércio, Daniel Amadio, colocou a grupo à disposição do governo para auxiliar nos trabalhos e estudos de combate ao comércio informal nas secretarias da Segurança Pública e de Governança e Gestão Estratégica do RS.
Vice-coordenador da comissão, André Roncatto destacou o papel do consumidor final de produtos oriundos da informalidade e de serviços irregulares no ciclo criminoso.
— Este consumidor final, que compra gato por lebre, precisa ser educado, pois também é responsável — enfatizou.