O governo uruguaio estima que o consumo da maconha no país movimenta US$ 40 milhões/ano (R$ 147 milhões), mas somente US$ 10 milhões (R$ 36 milhões) legalmente. Um dos motivos é que a marijuana ilegal é mais barata, como constatou o Grupo de Investigação da RBS (GDI). A droga sai do Rio Grande do Sul e, ao atravessar a fronteira, é vendida nas praias do Uruguai pelo dobro do preço e, em Montevidéu, pelo triplo.
Já a venda legalizada, em farmácias uruguaias, custa o equivalente a mais do que quatro vezes o valor da droga ilegal consumida no Rio Grande do Sul — mas é permitida apenas a comercialização de 10 gramas por indivíduo a cada semana. Além de mais cara, a legalização implica em exposição do consumidor: ele tem de se credenciar fornecendo dados pessoais. Nem todos estão dispostos a isso. Mesmo assim, há filas enormes para compra nas farmácias.
Segundo policiais de ambos os países, grande parte dessa marijuana ilegal vem do Paraguai e chega ao Uruguai pelo Rio Grande do Sul, numa triangulação que envolve armamento e dinheiro em troca. Duas áreas no Uruguai se destacam pelo crescimento da violência: a Região Metropolitana — onde o consumo é maior, segundo autoridades —, e as fronteiras uruguaias com o Brasil e com a Argentina (principais pontos de ingresso de droga). Mas o fenômeno é generalizado. De 19 departamentos uruguaios, em 16 o número de assassinatos aumentou no primeiro semestre de 2018 comparado ao mesmo período de 2017, mostram estatísticas do Ministério do Interior uruguaio.