Têm sotaque brasileiro os 10 bandidos que realizaram semana passada um dos maiores assaltos da história do Uruguai. O ataque a um carro-forte da Prosegur, em frente ao Palácio Legislativo de Montevidéu (sede da Câmara dos Deputados uruguaia), deixou cinco feridos: três seguranças do blindado e duas mulheres que passavam pela rua.
O assalto aconteceu no entardecer do dia 3, uma segunda-feira, com ruas ainda cheias de gente. Bandidos e agentes de segurança trocaram mais de 50 disparos. A quadrilha levou 4,3 milhões de pesos uruguaios e US$ 51 mil. Somado, o dinheiro chega a quase R$ 1 milhão. Um dos seguranças levou quatro tiros. Ninguém morreu.
Desde então a Polícia Nacional uruguaia empreende uma verdadeira caçada aos autores do roubo. Em dezembro passado outro blindado da Prosegur foi assaltado, também por pessoas que falavam português.
A suspeita dos policiais uruguaios é que o Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa brasileira, esteja por trás dos ataques. Um dos motivos é que, em 18 de janeiro passado, a Polícia Nacional do Uruguai recebeu do Ministério do Interior um e-mail que alerta aos policiais dos departamentos de Cerro Largo, Treinta y Tres, Artigas, Rivera y Rocha (todos fronteiriços com o Brasil) sobre um provável ataque do PCC a bancos do país vizinho. A informação teria partido de serviços de inteligência do Brasil, que interceptaram conversas de WhatsApp entre integrantes da facção paulista, com planos para ataques no Uruguai.
O contato do PCC no Uruguai seria Luis Alberto "Betito" Suárez, considerado pela Polícia Nacional como o delinquente mais perigoso daquele país. Preso por assaltos a banco em 2012, ele ficou encarcerado até março de 2017. Em liberdade, foi capturado em flagrante em dezembro passado, numa troca de tiros com a polícia. Foi solto há pouco, em 8 de agosto. Há suspeita de que possa ter articulado o roubo ao blindado da Prosegur.
GaúchaZH contatou três delegados da Polícia Federal e um da Polícia Civil. Eles confirmam que os suspeitos do assalto em Montevidéu são brasileiros, mas ainda não têm indícios concretos de que seja obra do PCC. Nenhum gaúcho foi identificado como envolvido no ataque.