Policiais federais de todo o país receberam alerta de que Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio, 51 anos, pode ter usado seu conhecimento para libertar dezenas de presos da maior facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), sediada em São Paulo. Conforme levantamentos das polícias Civil e Militar do Paraná, o assaltante de bancos e carros-fortes do RS estaria unido à quadrilha que atacou o Presídio Estadual de Piraquara (PEP 1) na madrugada desta terça-feira (11), libertando 29 detentos.
A maior parte dos presos libertados é ligada ao PCC, organização que controla quase todo aquele presídio. O plano de resgate dos detentos teria envolvido 40 quadrilheiros fortemente armados e começou na noite de segunda-feira, com ataque a carros-fortes próximo dali, em Imbaú e Palmeira.
O ataque aos blindados provocou movimentação de policiais para essas cidades, desguarnecendo o presídio PEP 1. A suspeita da PF é de que tenha sido manobra proposital e articulada, possivelmente, desde São Paulo. Os criminosos também incendiaram cinco caminhões, fizeram motoristas reféns e bloquearam com carretas as rodovias de acesso à prisão. Com dinamite, atacaram os muros da prisão e propiciaram a fuga dos parceiros.
Coincidência ou não, Papagaio foi preso numa residência junto a outros criminosos suspeitos dos ataques aos blindados. Numa cidade próxima à Grande Curitiba, onde fica o presídio PEP1. Mais: os projéteis das armas encontradas com o assaltante gaúcho são compatíveis com os usados nos ataques aos carros-fortes. A suspeita, a ser investigada pela PF, é de que o quadrilheiro do RS possa ter alugado seu conhecimento de estratégia de roubos para ajudar o PCC.
Os crimes atribuídos a Papagaio no Paraná
Assalto em Imbaú — O primeiro ataque aconteceu na segunda-feira (10), na BR-376, em Imbaú, a 220 quilômetros de Curitiba, na região norte do Estado, por volta das 16h. Criminosos armados com fuzis renderam um caminhoneiro e dois motoristas. A carreta foi usada para obstruir a pista. Os vigilantes no blindado conseguiram bater em um dos carros do bando e escapar. Houve troca de tiros, mas ninguém se feriu.
Ataque em Palmeira — Na PR-151, cerca de uma hora após o primeiro assalto, houve outra tentativa de roubo a carro-forte. O crime ocorreu no caminho para Ponta Grossa, a cerca de 90 quilômetros de Curitiba. Criminosos armados com fuzis atacaram um carro-forte. Um caminhoneiro foi baleado na ação e segue hospitalizado. Para a polícia, Papagaio teria participado deste assalto.
Fuga de presos — A polícia acredita que o bando pretendia afastar a polícia da região metropolitana de Curitiba. Por volta das 3h desta terça-feira (11), na Penitenciária Estadual de Piraquara, criminosos abriram um buraco no muro com explosivos. A Polícia Militar reagiu, houve intensa troca de tiros e 29 presos escaparam. Durante a fuga, na BR-116, cinco caminhões e dois carros foram incendiados, o que provocou congestionamento.
O histórico de fugas de Papagaio
1999 - Fugiu da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
2000 - Foi preso novamente no regime fechado.
2004 - Passou para o semiaberto.
2005 - Retornou para o regime fechado.
2006 - Progrediu para o semiaberto em junho, fugiu em agosto e foi recapturado em novembro.
Setembro de 2007 - Voltou para o regime fechado por decisão judicial, mas progrediu novamente para o semiaberto.
Outubro de 2007 - Fugiu do semiaberto e foi recapturado dias depois e retornou para o fechado.
2010 - Voltou para o semiaberto e fugiu no mês de abril. Foi recapturado no dia 24 de dezembro e permaneceu preso desde então.
2017 - Foi beneficiado com progressão de regime em setembro e fugiu em dezembro.
2018 - É suspeito de ter participado na segunda-feira de ataque a carro-forte em Palmeira, no Paraná, e de integrar bando que atacou outro blindado e possibilitou fuga de 29 presos de penitenciária. Foi preso na madrugada de terça-feira (11) em Agudos do Sul, no Paraná.