Capaz de perfurar um blindado ou derrubar aeronave, o fuzil .50 apreendido com Claudio Adriano Ribeiro, o Papagaio, 51 anos, no Paraná, destaca-se pela precisão. Com a arma de guerra, é possível alcançar um alvo a até 2 quilômetros. Com o assaltante de bancos e carros-fortes, em um chácara, foram encontrados outros três fuzis e cerca de 400 munições.
Só em 2018, a polícia paranaense apreendeu três fuzis .50. Em fevereiro, no Rio Grande do Sul, a Polícia Civil havia recolhido uma metralhadora .50, após ataque a um carro-forte em Bento Gonçalves, na Serra. Lá também havia suspeita do envolvimento de Papagaio com o bando.
Diferente da metralhadora que tem capacidade de 400 a 600 tiros por minuto, esse fuzil dispara apenas uma munição por vez. O disparo único explica o fato de que foram encontrados apenas oito projeteis intactos e um deflagrado. A cada tiro é preciso novamente recarregar o armamento. O fuzil poderia ser usado para parar blindado com facilidade.
— Para mim, essa é muito mais perigosa. A metralhadora dispara a esmo. Com essa, o atirador pode buscar uma distância absurda. A operação dela não é simples, mas o estrago é enorme. Não há blindagem para isso, a não ser num tanque de guerra — avalia um especialista em armas, que prefere não ser identificado.
O disparo em uma aeronave exigiria precisão do atirador e voo em altura baixa, já que é possível apenas um tiro por vez.
— Abate muito fácil um helicóptero decolando ou até um avião pousando no Salgado Filho, por exemplo. Só que por ter peso na ponta, a munição perde altura com facilidade. Mas as forças militares usam como arma antiaérea — explica.
Um dos veículos apreendidos no Paraná estava adaptado para que a arma fosse acoplada. Isso facilitaria o disparo. Chefe do Centro de Operações Policiais Especiais do Paraná (Cope) da Polícia Civil, delegado Rodrigo Brown de Oliveira afirma que esse tipo de armamento vem sendo empregado nas tentativas de ataques a blindados:
— Eles disparam no bloco do motor e faz com que o blindado pare. Os vigilantes acabam se rendendo. Infelizmente os bandidos vêm utilizando cada vez mais esse tipo de armamento.
Este é o terceiro fuzil .50 apreendido no Paraná neste ano. Em fevereiro, após um comboio de cinco carros-fortes ser atacado na BR-376, em Palmeira — ação que resultou em três mortos, entre elas um vereador —, a polícia recolheu as duas primeiras armas dentro de um veículo abandonado pelos assaltantes.
Papagaio foi preso após duas tentativas simultâneas de assaltos a carros-fortes nesta segunda-feira. Um deles, na cidade de Palmeira, próximo de Ponta Grossa, teria tido participação do foragido. De lá, o grupo teria fugido para a chácara, em Agudos do Sul. Papagaio, dois homens e uma mulher, foram presos na propriedade. Sobre uma mesa, estavam a .50 e outros três fuzis. Todos foram autuados em flagrante pela posse dos explosivos e do armamento.
Para o delegado, os ataques aos blindados seriam forma de levar a polícia para o interior do Estado, enquanto ocorria outro ataque à Penitenciária Estadual de Piraquara. A ação resultou na fuga de 29 detentos.
— Acreditamos que todos os casos estão interligados. Tentaram levar as forças policiais para o interior para impedir uma resposta — afirma Oliveira.
Balística
Segundo o chefe do Cope da Polícia Civil, a polícia paranaense não tinha até o momento informação de que Papagaio era um dos envolvidos nos ataques. Com a prisão do assaltante, os policiais passarão a investigar possível participação dele em outros crimes desse neste ano. As armas encontradas serão periciadas, inclusive para verificar se não foram empregadas em ataques no Rio Grande do Sul.