A Federação das Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais no Rio Grande do Sul (Feapaes-RS) demitiu três diretoras da unidade da Apae de Osório, no Litoral Norte, após uma recomendação do Ministério Público (MP-RS). Elas eram funcionárias na direção e coordenação pedagógica da unidade e são investigadas pelo crime de maus-tratos.
A presidente da Feapaes-RS, Aracy Lêdo, afirma que houve denúncias de agressões das diretoras contra crianças e de assédio moral a funcionários da unidade.
— Uma das próprias diretoras é que batia nos alunos. Outra delas cometia assédio moral, dizia "se você não fizer isso, eu vou fazer aquilo". E não somos coniventes com nada disso — ressalta.
O então presidente da Apae de Osório renunciou após as denúncias. Conforme a Federação, o vice-presidente Roberto Pata assumiu o posto. Com isso, foi composta uma nova diretoria. A estrutura foi reorganizada neste momento com remanejo dos colaboradores.
— Foi uma surpresa muito grande. Eu nunca imaginei essas coisas. Só que veio à tona de uma forma rápida, violenta. E foi onde a gente, então, ouvindo as pessoas, em uma, duas semanas, tomou essa decisão unânime: não queremos mais essa gestão, vamos criar uma gestão nova para fazer diferente —afirma o novo presidente, que garante que todas as demissões já foram feitas ainda em outubro.
Aracy revela que a Federação não sabe exatamente há quanto tempo os delitos ocorriam:
— Não temos noção, porque até então nunca nos chegou nada. Esses fatos não eram relatados, não eram repassados. E talvez as pessoas que soubessem de tudo isso, com medo das diretoras, não denunciaram, até que alguém com coragem veio entregar (os relatos) direto na federação.
A investigação do MP também apura outras irregularidades, como delitos contra crianças e adolescentes, jovens adultos e idosos. Também há suspeita de casos de improbidade, negligência e omissão da diretoria.
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece atendimento educacional e de reabilitação para pessoas com deficiência. Aracy assegura que as crianças que sofreram agressões já receberam a devida atenção:
— Elas estão muito bem. As mães já entraram em contato conosco, a gente já conversou com todo mundo. Essas crianças têm dificuldades. Às vezes, são agressivas, mas a forma de tratá-las é que tem que ser diferenciada. E os profissionais que trabalham com elas têm que saber como agir, porque não se admite um fato como esse.