Desencadeada na manhã desta quarta-feira pela Delegacia de Repressão a Crimes a Administração e Ordem Tributária (Deat) da Polícia Civil, a Operação Educatio fez buscas na sede do Grupo Educacional Facinepe, em imóveis do ex-dono da empresa, o advogado Faustino da Rosa Júnior, em Porto Alegre, e nas Câmaras de Vereadores da Capital e de Guaíba.
Cerca de 200 agentes participam da operação. A investigação tramita em segredo de Justiça, e a polícia não divulga detalhes do trabalho. Ao todo, foram cumpridos 19 mandados judiciais de busca e apreensão em Porto Alegre e Guaíba, além de 13 ordens judiciais de indisponibilidade de bens. Foram apreendidos, pelo menos, oito veículos, entre eles Porsche Boxster, BMW Z4, Hyundai Azera, Civic, Porsche Cayenne e Amarok.
Segundo a Polícia Civil, a Operação Educatio investiga indivíduos que estariam comercializando certificados falsos de cursos de pós-graduação em variadas áreas do conhecimento, principalmente diplomas de Medicina.
Entre os locais que foram alvo da operação estão os gabinetes dos vereadores Márcio Bins Ely (PDT), em Porto Alegre, e Renan Pereira (PTB), presidente da Câmara de Guaíba. A assessoria de Ely informou que o parlamentar "está surpreso" com a situação e que "também está aguardando explicação sobre o fato". Pereira confirmou que seu gabinete foi revistado, mas disse não saber o porquê.
— Não tem nada ilegal. Acho que foram aleatoriamente em quem fez curso de especialização. Eu fiz, paguei as mensalidades, fiz o trabalho de conclusão, tenho provas disso e e-mails. Se a faculdade tem problema, eu não tenho como adivinhar. Ninguém me falou que o curso não é reconhecido pelo MEC (Ministério da Educação). Eu atuo como clínico-geral concursado em Guaíba — disse.
GaúchaZH telefonou para o advogado de Faustino, Jorge Sobbé. Ele informou que a acusação contra seu cliente ainda não está formalizada e seria precipitada qualquer manifestação, o que pretende fazer nos próximos dias.
A investigação
O Grupo Facinepe é investigado desde o ano passado por irregularidades na oferta de cursos de pós-graduação pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério da Educação.
As suspeitas sobre o Facinepe foram reveladas pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI) em março de 2017, com a reportagem "O homem da faculdade de papel". Após a publicação, o ex-prefeito de Porto Alegre, e então reitor do Facinepe, José Fortunati, anunciou seu afastamento do cargo.
Em junho, em uma nova reportagem, o GDI revelou que o médico colombiano Daniel Correa Posada tinha recebido certificado de pós-graduação de cirurgião plástico do Grupo Facinepe, sem reconhecimentos do Ministério da Educação e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Ao operar pacientes, Posada teria causado lesões em 12 mulheres, sendo que uma morreu após a cirurgia.