Moradores de Cruzeiro do Sul não sabem por onde começar a reconstrução do município. A cidade, assim como outras do Vale do Taquari, foi fortemente atingida pelas duas enchentes das últimas semanas, em principal a do dia 1º de maio. A segunda foi no final de semana passado, com pico na segunda-feira (13).
O município, de 12.402 habitantes, é o que registra o maior número de mortes na região: são 11, segundo a Defesa Civil do Estado. Outras 17 pessoas estão desaparecidas. A prefeitura estima que 50% da população está fora de casa, sendo 5,7 mil deslocadas e 448 desabrigadas.
O bairro mais atingido é o Passo de Estrela, onde a maioria das casas foram destruídas. Nelson Xavier era a única pessoa que circulava na região na manhã desta quarta-feira (15). Sua casa foi uma das poucas que não foi demolida pela força da água. Já na sua pequena indústria de artefatos de cimento, só sobraram parte das estruturas metálicas.
— A gente vem pra cá pra olhar o resto que sobrou. Porque não tem muita coisa pra fazer mais. Tanta coisa que a gente tinha, e agora é só olhar e imaginar o que a gente pode fazer mais tarde — lamenta.
A prefeitura acredita que não será possível reconstruir as residências do bairro. O Ministério Público gaúcho tem atuado junto aos municípios do Vale para que não sejam feitas novas residenciais em áreas ribeirinhas.
95% do comércio foi atingido
A área industrial da cidade não chegou a ser destruída, mas foi alagada. A baixa circulação de pessoas tem dificultado o funcionamento das lojas. Durante 15 dias, não havia farmácias nem supermercados abertos. Conforme a prefeitura, 95% do comércio foi atingido.
O presidente da Associação da Indústria e Comércio de Cruzeiro do Sul (ACICS) Ricardo Felipe Schneider afirma que, após a primeira enchente no início do mês, a expectativa era de que 30% dos comércios fechassem as portas. Após a nova cheia, estima-se que essa será a quantidade de estabelecimentos que irão conseguir abrir.
— Não tem mais gente na cidade. As que permanecem estão desalojadas ou desabrigadas, não estão consumindo. Que motivação tem o lojista pra abrir? — questiona.