Terceira maior economia do Vale do Taquari, Arroio do Meio está embaixo d'água. Apenas duas quadras do centro do município ainda não foram tragadas pela correnteza do Rio Taquari. Com 22 mil habitantes, a cidade está isolada após a queda de cinco pontes e da interrupção de estradas, sendo impossível acessar Encantado, de um lado, e Lajeado, de outro.
— A situação é apavorante. Não tenho palavras para descrever o que está acontecendo com o município. Não temos luz, vai começar a faltar água e comida — afirma o prefeito Danilo Bruxel (PP).
Na noite de quarta-feira (1°), Bruxel coordenou a retirada das famílias das áreas de risco. Por volta das 20h30min, foi para casa, no bairro Barra do Forqueta, a cerca de dois quilômetros do centro. Na manhã desta quinta-feira, não conseguiu acessar a cidade.
— Estou administrando pelo telefone. Já fizemos alguns resgates de barco, mas agora imploro por um helicóptero pois tenho 11 famílias isoladas onde não temos como chegar — diz Bruxel.
Cercado por ao menos quatro cursos d’água, Arroio do Meio viu o Rio Taquari subir dois metros acima do recorde anterior, em setembro, alcançando 38 metros. Cerca de 15 pessoas que passaram a noite ilhadas na praça central foram levadas para a igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e para a Casa de Cultura, depois que dois abrigos usados para acolher desalojados das enchentes do ano passado também ficaram alagados.
Os abrigos haviam sido esvaziados há duas semanas, quando 28 casas temporárias foram entregues no município. Famílias que estavam há oito meses morando de forma improvisada em uma creche e uma escola receberam residências de 21 metros quadrados cada. O residencial foi erguido em uma região elevada do bairro Novo Horizonte, a cinco quilômetros do centro.
— Choveu muito, a cidade está toda alagada. Passamos a noite com medo, mas aqui a água não chegou. Estamos com luz e bem melhor do que no abrigo. Saímos na hora certa — suspira o operário Marcelo Rodrigues dos Santos, contemplado com um dos imóveis.