A adesão a novas tecnologias, a remuneração atrativa e os investimentos na área estão entre os desafios para manter o agronegócio atrativo aos jovens e, por consequência, evitar o êxodo rural. As soluções foram discutidas no Painel RBS Notícias nesta segunda-feira (16), transmitido ao vivo do Parque de Exposições Wanderley Burmann, em Ijuí, no Noroeste do Estado. O debate foi mediado pelo apresentador da RBS TV Léo Saballa Júnior.
Participaram do painel Argemiro Brum, professor do curso de ciências agrárias da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unijuí), Fernanda Didonet, coordenadora de jovens da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) de Ijuí, Sofia Lemos, diretora da Farsul Jovem e presidente da comissão jovem de Cruz Alta e Fábio Pasqualoto, engenheiro agrônomo e gerente regional da Emater Ijuí. Sofia e Fernanda são jovens que mantém suas atividades no campo.
Não é raro encontrar resistências dos pais na hora de tentar implementar novidades e tecnologias diferentes das usadas no manejo do campo, o que é um dos entraves que pode afastar as novas gerações, conforme os debatedores.
A estratégia, diz Fernanda, é implementar as novidades aos poucos, sempre com muito diálogo.
— Tu vai colocando técnicas, mas aos pouquinhos. Muitas vezes o risco de experimentar algo novo é o medo — observa ela, que desde a infância acompanha os negócios da família que planta grãos na Região Noroeste.
A produtividade dos jovens no campo também passa por melhorias na infraestrutura disponível no campo, como lembrou o professor Argemiro Brum, da Unijuí.
— Se você não tem infraestrutura para o meio rural, inclusive estradas você não segura o pessoal, é muito difícil. Acesso a saúde, a transporte, a internet — opinou.
Sofia Lemos comentou o papel que a internet e produtores de conteúdo para desmistificar a ideia de que o campo é atrasado, especialmente para as novas gerações.
— Isso acabou virando uma maneira de demonstrar orgulho pelo que se faz e pelo que a família perpetua. Tu tá vivendo no meio do agronegócio e a gente sofre muito de fake news, muitas coisas passadas pelas próprias redes sociais. A gente traz dados, fontes sobre essas questões e virou maneira de levantar a bandeira do que tu vive — afirma.
Por fim, a importância da remuneração atrativa para os jovens foi lembrada pelo gerente da Emater Fábio Pasqualotto.
— É preciso quantificar o trabalho do jovem e isso ser monetizado. Em muitas propriedades, o jovem trabalha a semana inteira e no fim de semana, quando quer sair e fazer alguma coisa diferente, ele tem que pedir dinheiro pro pai. Isso é extremamente delicado.