O governo do Rio Grande do Sul entregou, nesta quarta-feira, às prefeituras de Muçum e Roca Sales, do Vale do Taquari, o projeto de reconstrução da ponte Rodoferroviária Brochado da Rocha, que liga os dois municípios. A estrutura foi parcialmente destruída pela enchente registrada na região no início do mês de setembro.
A obra foi avaliada em aproximadamente R$ 12 milhões. O cronograma prevê um total de 165 dias para ser concluída. No entanto, ainda não há uma data para que os trabalhos tenham início.
— Nós temos uma previsão de que a obra seja executada em cinco meses e meio, somando todas as suas etapas, do início ao fim. A gente imagina que possa ganhar tempo no processo licitatório da obra porque solicitamos celeridade máxima por parte do governo federal na etapa de avaliação, assim como solicitamos para o governo do Estado para elaboração do projeto. Em menos de 40 dias o projeto foi entregue. Então, se ganharmos tempo em cada uma das etapas nós podemos antecipar a conclusão da obra — comentou o prefeito de Muçum, Mateus Giovanoni Trojan.
A parte a ser recuperada soma 170,25 metros de extensão com 8,25 metros de largura de pista. As características originais da estrutura foram mantidas. Chegou-se a discutir a possibilidade de aumentar a altura da ponte, mas isso acarretaria em outras mudanças, tornando a obra mais complexa, cara e demorada, no entendimento dos gestores municipais.
A solenidade ocorreu no Centro Administrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre.
O projeto, doado pelo governo gaúcho e elaborado de maneira voluntária pela iniciativa privada, apresenta uma planilha orçamentária, elencando custos com mão de obra, materiais, entre outros serviços. O documento segue o que foi tratado com o então presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, durante visita à região atingida pela enchente.
O compromisso firmado prevê o aporte financeiro integral da obra pelo governo federal. Para que isso se concretize, os municípios precisam incluir o projeto de engenharia junto ao sistema da Defesa Civil nacional. O Ministério da Integração Nacional garante a liberação de recursos para ações de resposta, restabelecimento e reconstrução – como é o caso da ponte atingida.
— Com toda a franqueza, os nossos municípios não teriam condições financeiras de aportar recursos para uma obra desse porte em uma circunstância como essa. Então, realmente, dependemos do governo federal — afirma Trojan.
Anseio pela retomada
Existe muita expectativa da comunidade em torno da recuperação da ponte. Desde o mês passado, quando a enchente histórica foi registrada, moradores do Vale do Taquari têm sentido os impactos da destruição.
Sidnei Fernandes é serralheiro. Aos 56 anos de idade, encontra-se desempregado. Para fazer os deslocamentos diários entre Muçum e Roca Sales, hoje, ele precisa percorrer 70 quilômetros. Praticamente inviável fazer isso todos os dias. Com a ponte, seria apenas um quilômetro e meio.
— A ponte é a minha vida, né. Não tenho como dizer que não. Eu me sinto em prisão domiciliar na minha própria casa porque não consigo fazer nada: não consigo trabalhar, não consigo ganhar dinheiro, mas as contas vão chegar. Quem vai pagar pra mim?