Após uma reunião com o executivo gaúcho e prefeitos da região sul do Estado, a CEEE Equatorial afirmou que a energia elétrica será restabelecida nas próximas horas para os clientes que estão sem luz há quase duas semanas em razão da passagem de um ciclone extratropical no Estado. No encontro, a concessionária também disse que "irá rever processos" para evitar novos problemas no fornecimento de energia causados por fenômenos naturais. O encontro ocorreu nesta manhã, em uma sala do Aeroporto Internacional de Pelotas João Simões Lopes Neto, em Pelotas.
A conversa ocorre um dia depois de moradores de Morro Redondo e Capão do Leão bloquearem um trecho da BR-293, no sul do RS, indignados com a falta de energia.
O presidente da CEEE Equatorial, Raimundo Barretto Bastos, que esteve na reunião, afirmou que cerca de 300 clientes permanecem sem luz em razão do ciclone.
- Aqueles que foram objeto do ciclone, é hoje (neste domingo) que terão a luz restabelecida. É esse o nosso compromisso.
Segundo Bastos, equipes foram alocadas para restabelecer o serviço ao grupo. Há outros clientes que estão sem luz há mais e menos tempo, disse o presidente. Nestes casos, ele não informou prazo para normalização.
No encontro, o presidente disse ainda que a concessionária irá rever processos para evitar novos problemas de energia causados por fenômenos naturais. Ele definiu a reunião como "bastante proveitosa" e disse que as informações repassadas ajudarão a "aprimorar" o serviço.
"Entendemos que é nossa obrigação, na qualidade de concessionária de serviços públicos, vir fazer uma prestação de contas e ouvir dos prefeitos as demandas das populações atingidas. As críticas foram pertinentes e vão nos ajudar a aprimorar ainda mais a qualidade da nossa prestação de serviços. Além disso, vimos oportunidades de atuações conjuntas com os órgãos municipais e do governos do estado, visando dar uma resposta mais rápida em eventos semelhantes", disse Bastos em nota enviada a GZH neste domingo.
Na quinta (20), o Ministério Público do Estado informou que instaurou inquéritos para investigar a atuação da CEEE Equatorial no restabelecimento da energia elétrica, especialmente na região sul do Estado, após a passagem do ciclone entre os dias 11 e 13 de julho.
Reunião em Pelotas
No encontro desta manhã, o governador Eduardo Leite cobrou agilidade no atendimento aos municípios afetados e afirmou que a concessionária deve dar atenção especial às demandas dos prefeitos da região. Leite salientou que o Estado está "atento para assegurar o cumprimento das obrigações contratuais e garantir a qualidade na entrega à população", disse o executivo em material divulgado.
"É bom deixar claro que o Estado é o regulador desta concessão. A situação deste ciclone gerou uma enorme interrupção no fornecimento de energia, com casos resolvidos rapidamente. Mas ainda há relatos de comunidades sem luz, o que não pode ser aceitável. Então, cabe a agência reguladora apurar o que aconteceu e até estabelecer, se for o caso, sanções à companhia, que podem chegar inclusive à cassação em caso de recorrência no descumprimento das obrigações. Claro que não é o que queremos. Buscamos, sim, o bom serviço prestado à população. Por isso, é importante esse momento para ouvir os prefeitos e a presidência da companhia para encaminhar a regularização", ponderou o governador no encontro.
Leite lembrou ainda que a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs), que fiscaliza a prestação de serviços concedidos pelo Estado, acompanha o caso. No entanto, não havia representantes da agência na reunião.
Critérios mínimos
O governador disse ainda que "é importante ter consciência" que o serviço se precarizou nos últimos anos, por falta de investimentos, mas que a concessionária precisa atender a critérios mínimos para atender a população:
"Infelizmente, a companhia estava colapsando. Há muitos anos sem conseguir fazer investimento, o serviço se precarizou. É importante ter consciência e compreensão disso. Agora, dificuldades de atendimento, equipes com treinamento inadequado, falhas de comunicação, isso é inaceitável. É o mínimo que a Companhia, agora privada, precisa garantir à população. As falas trazidas pelos prefeitos geram insumos para a empresa. Iremos cobrar e acompanhar para que, nos próximos episódios que tenhamos, haja equipes bem treinadas, uma estratégia de comunicação mais eficiente de relacionamento com os municípios, para que se possa fazer as religações de energia mais rapidamente", completou o governador.
Também acompanharam o encontro o vice-prefeito de São José do Norte, Neromar Guimarães; o vice-prefeito de Herval, Celso Silveira; o presidente da Câmara de Vereadores de Pedras Altas, Arildo Madruga; a vice-presidente da Câmara de Vereadores de Morro Redondo, Letícia Santos; e o procurador-geral de Arroio Grande, José Paulo Gomes de Freitas.
Na reunião estavam ainda os prefeitos Douglas Rodrigues da Silveira (Cerrito), Fábio Branco (Rio Grande), Luiz Carlos Folador (Candiota), Moacir Otílio Alves (Pedro Osório), Marco Antônio Vasques Rodrigues Barbosa (Chuí), Paula Mascarenhas (Pelotas), Ronaldo Costa Madruga (Pinheiro Machado), Rui Valdir Otto Brizolara (Morro Redondo), Rui Carlos Peter (Arroio do Padre), Rudinei Härter (São Lourenço do Sul), Vinícius Pegoraro (Canguçu), Vilmar Motta Schmitt (Capão do Leão).
O superintendente comercial da CEEE Equatorial, Fernando Ortiz, e o gerente de Manutenção e executivo de Manutenção da Regional Sul, Jorge Modesto, também participaram da conversa.