A Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação prevê uma estiagem menos severa neste verão, em comparação à temporada passada. Essa é a avaliação de Giovani Feltes, que assumiu a pasta em 2023. No entanto, o secretário reconhece que, mais uma vez, haverá perdas significativas.
— A princípio, me parece que não vai ser tão agudo quanto fora 2022. A princípio. De qualquer forma, a gente não desconhece um volume significativo de prejuízos, que acaba inferindo ao produtor, nas mais variadas áreas de atuação, do agro e da pecuária. E isso tem desencadeado avaliações permanentes — disse Feltes em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Desde 1º de dezembro, 53 municípios gaúchos decretaram situação de emergência devido à estiagem. No entanto, se comparado aos últimos ciclos, o período atual coloca menos municípios em emergência. Considerando os períodos entre outubro e dezembro, foram 28 decretos em 2022, quatro vezes menos do que em igual período de 2021, quando foram registrados 117.
Nesta temporada, a Região Central e a Fronteira Oeste são as mais atingidas, conforme Feltes.
— Se pudéssemos fazer um corte vertical no mapa do Rio Grande do Sul, mais fortemente em direção à fronteira, a partir do centro do Estado. São áreas bastante agudas de falta de chuva. O Rio Grande do Sul, na verdade, tem um regime de chuvas que propicia certo conforto, desde que tivéssemos estrutura para fazer sua reservação (da água) — explicou o secretário.
Perfuração de poços
Segundo Feltes, o atual governo vai investir, principalmente, na perfuração de poços artesianos:
— A gente tem que fazer uma inversão. Nós vamos dar prioridade absoluta aos poços, porque cisternas, agora, não têm muito sentido, na medida em que não há água para ser coletada.
A ideia é fornecer recursos aos municípios por meio de repasses, para que as próprias prefeituras possam contratar a abertura dos poços. São quase R$ 70 milhões à disposição para esse investimento — estima-se que cada poço exija aporte de cerca de R$ 120 mil.
— Existem custos variados, de região para região, mas acho que isso (o repasse de recursos às prefeituras) daria certa celeridade. Inicialmente se buscou uma licitação. Apareceu apenas um interessado, e era difícil quantificar quanto fazer, ter ideia do custo... São dezenas, centenas de municípios a serem beneficiados — disse o secretário estadual da Agricultura.
Feltes ainda destacou o programa Avançar, que contemplou investimentos na perfuração de poços, abertura de pequenos açudes e compra de equipamentos. Conforme a Secretaria do Planejamento, foram 199 poços abertos em 198 municípios em 2022 com recursos do programa. Em 2021 foram 23 poços e 141 em 2020.
Nos próximos dias, a pasta deve fazer uma reunião na Região Central, em município ainda a ser definido. O diálogo com o governo federal ainda não começou, mas deve ser aberto nas próximas semanas.
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