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Número de municípios em situação de emergência é menor, mas estiagem no RS ainda é crítica

De outubro a dezembro de 2022, foram 28 decretos do tipo no Estado, contra 117 no ano anterior

Alex Silveira / Divulgação
Na Estância Rincão da Saudade, em São Gabriel, estiagem já muda paisagem de açude, que secou

Pelo quarto verão seguido, o Rio Grande do Sul revive o alerta de anos anteriores para a falta de chuva em período crítico da estação. Mas, apesar da estiagem que persiste, o número de municípios com decretos de situação de emergência é menor se comparado aos últimos ciclos.

A falta de chuva no final de 2022 voltou a gerar preocupação pelo que viria pela frente, mas os dados até o fechamento de dezembro apontavam para uma situação diferente dos anos anteriores: foram 28 decretos de municípios no último trimestre — quatro vezes menos do que em igual período de 2021. O primeiro da temporada veio de Tupanciretã, em 1º de dezembro.

A análise considera dados da Defesa Civil apurados de outubro a dezembro de cada ano. Em 2019, por exemplo, o município de Chuvisca foi o primeiro a declarar situação de emergência devido à estiagem, em 23 de dezembro. Até o fim daquele ano, três municípios tinham decretos do tipo.

Em 2020, o primeiro decreto veio mais cedo, em 27 de outubro, no município de Tenente Portela. Naquele ano, a abrangência da falta de chuva recrudesceu no Estado, totalizando 102 decretos por estiagem até o fim de dezembro.

Já em 2021, o primeiro decreto veio em 6 de dezembro, por Júlio de Castilhos. O quadro voltou a se ampliar, com 117 municípios tendo declarado situação de emergência no encerramento do ano. O quadro se agravou muito até o fim daquele verão, sendo considerada uma das piores estiagens na história do Rio Grande e com efeitos severos também na agricultura.

Municípios em situação de emergência no RS por causa da estiagem - de outubro a dezembro:

  • 2019: 3 
  • 2020: 102 
  • 2021: 117 
  • 2022: 28 

Para especialistas que monitoram o quadro, a quantidade menor de municípios em emergência, no entanto, não indica melhora da situação. Principalmente porque o solo tem dificuldades de se recuperar após estiagens que se repetem, estando bastante prejudicado nesses quatro anos.

A intensidade da estiagem não é diferente dos outros anos, mas o efeito é mais intenso porque as reservas já estão prejudicadas. A natureza não consegue se recuperar diz o subchefe de Proteção e Defesa Civil, coronel Marcus Vinicius Gonçalves Oliveira.

Apesar do menor número (de decretos), é uma situação que segue crítica. Nesse ano (2022), os decretos começaram mais cedo do que no ano anterior. Pode ser até uma precaução dos municípios, mas nos mostra que a situação é preocupante, também porque as bacias estão com níveis hidrográficos abaixo acrescenta Nicolle Reis, meteorologista da Sala de Situação do Estado.

La Niña se despede 

Além do déficit hídrico, as temperaturas elevadas reforçam a estiagem. Quando chove, a água evapora rapidamente por causa do calor, sem ser totalmente absorvida pelo solo.

De acordo com prognósticos dos sistemas de meteorologia, janeiro deve ter maior distribuição de chuvas, trazendo alívio a algumas regiões. O agravante é que até a próxima semana as temperaturas estarão muito elevadas em todo o Estado, também com umidade do ar muito baixa, explica Nicolle.

Temos uma previsão de terminar janeiro com chuvas abaixo da média no Centro-Oeste e acima da média na faixa Norte (abrangendo as regiões de Santa Rosa, Passo Fundo e a Serra). A expectativa é de que na segunda quinzena de janeiro tenhamos outros eventos de chuva — diz.

Já em fevereiro, a tendência segue de temperaturas elevadas. E com chuvas isoladas, como é esperado para a época.

Somente a partir da metade do ano é que as precipitações devem voltar à normalidade, com a despedida do La Niña, que começa a perder força neste início de 2023. O fenômeno climático de resfriamento das águas do Oceano Pacífico está diretamente relacionado a episódios de secas.

A orientação da Defesa Civil aos municípios é que janeiro seja o mês de acumular água, implementando o uso de cisternas e outras medidas de prevenção para evitar desabastecimento.

Seguimos sempre o prognóstico da Sala de Situação e o que nos passaram é que janeiro é o mês de acumulação. É um mês que vai chover na média dos últimos anos ou até um pouco acima em alguns locais. Mas em fevereiro e março, deve chover um pouco abaixo ou na média e por isso algumas regiões podem ainda ter problemas diz o subchefe de Proteção e Defesa Civil, coronel Marcus Vinicius Gonçalves Oliveira.

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