A falta de chuva que traz prejuízos às lavouras de grãos do Rio Grande do Sul também está fazendo “secar” os tambos de leite. Na regional da Emater de Frederico Westphalen, no norte do Estado, a estimativa é de uma perda média de 15% no volume recolhido. Reflexo da combinação de redução na oferta de alimento e água para os animais com o estresse térmico causado pelas altas temperaturas.
Ingrediente principal da dieta das vacas nessa área, a pastagem é impactada pelo tempo, assim como o milho silagem. E a alternativa de suplementar traz uma despesa adicional justamente quando o rendimento é reduzido, pontua Luciano Schwerz, regional da Emater de Frederico Westphalen:
— Os produtores estão muito preocupados com esse cenário que mais uma vez causa prejuízos.
Nos últimos quatro anos a atividade leiteira sofre danos por falta de chuva. Não só pelo volume de alimento que diminui, mas também pela qualidade. Condição que traz um efeito cascata também à indústria.
— Com pouca chuva, aumenta o custo para o produtor, que terá uma oferta menor de matéria-prima para as indústrias. É mais um problema para a atividade leiteira, que já vem de um período bastante complicado — acrescenta Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindilat-RS.
A sequência de problemas preocupa, dado o histórico entre 2015 e 2021, período em que o Estado perdeu metade dos produtores de leite, conforme dado da Emater.
— Quando você está entrando no quarto ano consecutivo de não conseguir alimento para os animais, pesa mais. Acaba secando a vaca, tirando de produção antes do que precisaria. O produtor está tendo de decidir todo dia, se vende todo o gado, parte . Está tendo de tomar decisões todos os anos — lamenta Marcos Tang, presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês no RS (Gadolando).
*Colaborou Carolina Pastl