Com o retrato da falta de chuva capturado neste momento — lembrando que a volatilidade do clima é intensa e pode mudar o panorama, para melhor ou para pior —, o efeito sobre a produção de milho tem potencial para estrago ainda maior do que o do ano passado. Embora ainda não existam dados dos prejuízos à cultura na média do Estado, o boletim semanal da Emater aponta que a persistência do quadro de déficit hídrico na maior parte do Estado, consolida perdas de produtividade. Só a região Nordeste mantém o rendimento perto da projeção inicial.
— Neste ano (ciclo), começou antes. Essa estiagem deu em cheio no período de enchimento e florescimento do grão — ressalta Alencar Rugeri, diretor, técnico da Emater, observando o impacto à cultura do milho deve ser maior do que o registrado no último verão, quando caiu 31,7%.
Levantamento da Rede Técnica de Cooperativas (RTC) em dezembro apontava perdas médias, à época, de 42% nas 20 cooperativas ouvidas. Havia, no entanto, variações entre 10% e 75%, com índices superiores a 50% em metade delas.
Além de ter começado antes, a estiagem enfrentada agora tem como diferença, acrescenta o diretor técnico da Emater, o caráter movediço. O quadro crítico em um município em uma semana, volta a se estabilizar com o retorno das precipitações, mas a situação desponta em outro ponto que estava sem problema. Ou seja, a precipitação tem ocorrido de maneira desuniforme.
Cenário corroborado nos relatos feitos por coordenadores regionais da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS). Na de Ijuí, por exemplo, as precipitações foram dos cinco aos 50 milímetros. Além dos efeitos diretos sobre o milho, a situação traz impacto a outras atividades, como a produção de leite. Em Coronel Barros e Bozano, estima-se redução entre 40% e 60% na captação de leite.
— A cada dia que passa a estiagem vem se acentuando — reforça Eugênio Zanetti, vice-presidente da Fetag-RS.
No primeiro encontro da entidade com o secretário de Desenvolvimento Rural, a preocupação com o quadro foi um dos temas destacados. Rugeri faz a ressalva de que a situação presente ainda traz a possibilidade de restabelecimento da safra, principalmente na soja, que tem etapa decisiva mais à frente:
— Mas o risco é que também pode piorar.