A noite de domingo (19) foi um pesadelo para parte dos moradores de Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte. O vento arrancou telhados de residências e de prédios públicos, e a chuva levou água e lama para dentro dos locais. Na manhã desta terça-feira (21), os moradores do município vivem um dia de reconstrução das mais de cem casas atingidas pelo temporal.
No bairro Assis Brasil, é difícil encontrar algum morador que não foi afetado, já que mais de 60 casas foram avariadas. Perto da residência de Janete Martins de Oliveira, 43 anos, uma árvore de grande porte caiu. Na frente da casa dela, é possível ver um sofá e uma parte do forro dos quartos que não terão mais condições de uso. A dona da casa trabalhava na limpeza do local nesta manhã:
— Foram poucos minutos, mas o suficiente para detonar nosso sonho de oito anos, que foi a construção desta casa. Perdi sofá, mesa, televisão. Os fios de luz foram arrancados. Entrou água e barro aqui — conta a auxiliar de limpeza, que vive com os filhos Willian Cauã, 16 anos, e Ketlin, 12.
Perto dali, a associação de moradores também foi destelhada, assim como diferentes casas do entorno. Em uma das residências do bairro, Tiago Andrei Dadda, 47 anos, e Moisés Conceição Carlos, 38, recolocavam o telhado de uma casa.
— Aqui arrancou tudo, ficou só um ladinho do telhado. Nunca tinha visto algo parecido por aqui — diz Dadda.
Na localidade de Boa Vista, foram ao menos 10 casas atingidas. O pedreiro Cláudio Rodrigues Correia, 57 anos, estava com a esposa, Jucimara, e com a filha Marcelly quando houve o temporal.
— Começou a dar uns estouros e parecia que o portão da garagem ia vir para dentro. Parecia que estava caindo tudo quando olhei para cima. Me atirei em cima da minha filha e ficamos todos amontoados em um canto, esperando passar. As coisas de dentro de casa voaram todas — relata.
A família trabalhava na limpeza do local nesta manhã. Em frente à residência, era possível ver uma montanha de gesso que se soltou. Ao lado da casa, um poste caiu sobre o galpão, o que deixa a comunidade sem luz.
Escolas fechadas
Treze das 28 escolas municipais foram atingidas pelo temporal, especialmente por destelhamentos e alagamentos. A maioria já conseguiu fazer reparos emergenciais e retomar as atividades letivas, com exceção de duas.
Nas escolas de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Medianeira, em Boa Vista, e Ângelo Tedesco, no bairro Assis Brasil, não há aulas presenciais. Os alunos estão recebendo atividades remotas.
Houve destelhamento nos dois colégios e já foram feitos consertos provisórios, mas os telhados precisarão ser trocados. Na Nossa Senhora da Medianeira, um toldo que fica em frente à escola veio abaixo.
A secretaria municipal de Educação, Josélia Fraga, afirma que os alunos seguirão em atividades online pelo menos durante esta semana:
— O aprendizado da pandemia nos possibilitou a organização para o trabalho remoto. Não teríamos condições de acolher esses alunos em outras escolas. Então vamos ver a possibilidade de, na semana que vem, voltarem para a aula presencial.
Ajuda
Mais de 3 mil metros de lona já foram distribuídos pela prefeitura. Um posto de saúde chegou a ser destelhado, mas já está atendendo normalmente.
Conforme o prefeito Rodrigo Massulo, houve um trabalho de cooperação entre diferentes setores do município ainda durante o feriado, o que possibilitou um primeiro atendimento. A prefeitura chegou a decretar situação de emergência.
— Pedimos que, quem puder ajudar, leve até o Corpo de Bombeiros (na RS-030) colchões, roupas, alimentos, produtos de limpeza e telhas — diz o prefeito.