A combinação de chuva, granizo e vento forte levou preocupação e prejuízo para os moradores de Vila Oliva, no interior de Caxias do Sul. Cerca de 35 casas foram atingidas, com moradores trabalhando para consertar os estragos, principalmente nos telhados, na manhã desta segunda-feira (20). Em alguns locais, árvores foram arrancadas pela raiz e outras quebradas ao meio.
Em geral, os relatos dos moradores são parecidos: foi a passagem de nuvem que escureceu o dia, seguida de chuva, granizo e muito vento entre um ou dois minutos. De acordo com o chefe de gabinete da prefeitura, Cristiano Becker da Silva, o cenário é muito parecido com o registrado em 2017, que destelhou centenas de casas e provocou a morte de duas pessoas. Entretanto, segundo ele, que atuava na Defesa Civil Estadual na época, a diferença é que, desta vez, os estragos foram menores e seguiram uma única linha de destruição.
—É perceptível que tem uma linha de destruição. Algumas casas foram destelhadas e outras, próximas dali, não tinham nenhum estrago. Não tenho condições de afirmar que se trata de um tornado, mas o cenário é muito parecido com o registrado em 2017. O que podemos comemorar é que nenhuma vida foi perdida — explica.
Cristiano afirma também que as equipes da prefeitura auxiliaram na retirada de árvores e postes que caíram sob a via. Também foi realizada a distribuição de lonas, mas em quantidades não mensuradas pela prefeitura.
Durante a tarde, os moradores das casas mais afetadas voltariam a ser contatados para verificar a necessidade da doação de telhas. Entretanto, segundo o chefe da gabinete, o espírito comunitário e de ajuda entre os moradores colaborou para que estragos fossem rapidamente amenizados. Além disso, nenhuma família precisou de abrigo.
Nesta terça-feira (21), junto com a Defesa Civil Estadual, a prefeitura deve avaliar se decretará situação de emergência. O caso que mais preocupa é o da agricultura. Por isso, a administração municipal avaliará de que forma a medida pode contribuir para amenizar os prejuízos aos produtores.
Prejuízo de R$ 10 mil
A casa do comerciante Valmir Rodrigues dos Reis, 50 anos, teve o telhado parcialmente destruído pela força do vento. Ele conta que ouviu um forte estouro por volta das 7h e procurou abrigo em um dos quartos da residência, que não foi afetado. Além da troca do telhado, móveis da sala foram danificados pela chuva e não serão recuperados. Ele calcula um prejuízo de R$ 10 mil para troca de telhas, forro, instalação elétrica e mão de obra.
— Foi um barulhão. Estava deitado, tive que levantar no susto e me proteger porque a sensação era de que tudo ia voar — contou.
Além de algumas casas destelhadas e moradores trabalhando na reconstrução, ainda há os prejuízos na agricultura em Vila Oliva. Estufas de pêssego, ameixa e maçã foram arrancadas pela força do vento. O agricultor Romeu Zanol, 64, lamenta a perda de 18 hectares da plantação. Ele e os outros empregados da propriedade estavam trabalhando no pomar de pêssego no momento do forte vento e da chuva de granizo.
— Estávamos no pomar fazendo o raleio do pêssego. Quando vimos, escureceu e em dois minutos veio aquilo que parecia um tornado. Eu digo que foi um tornado porque o vento era muito forte. Temos 18 hectares de pomar e perdemos praticamente tudo — conta ele, que também disse estar aliviado pelos danos serem apenas materiais, sem ninguém ferido.
Na localidade de Flor do Campo, também em Vila Oliva, mais estragos na agricultura. O local, predominante rural, permanecia sem luz durante a manhã e equipes da secretaria de Obras estavam no local para auxiliar na remoção das árvores caídas na pista e nos postes de energia elétrica. O agricultor Nelson Antônio Stefanoski, 63, disse que não sabia como iria fazer para retomar a produção de ameixa. As estufas foram arrancadas e precisarão ser totalmente substituídas. A plantação também foi perdida:
— Nunca passei por nada parecido. A sensação é muito ruim porque em um ou dois minutos se perde tudo aquilo que demoramos anos para construir. Ia plantar tomate na semana passada, ainda bem que não fiz ou ia perder também.
— Percebemos que a maioria dos estragos em residências foram em Santa Lúcia do Piaí, mas na agricultura o impacto foi maior em Vila Oliva — explica o diretor-geral da secretaria de Obras, Jorge Catuzzo, que esteve no local durante o dia e coordenou o trabalho dos servidores.
Funcionários da RGE também estavam na região.