O diretor técnico do Hospital Municipal Lauro Reus, de Campo Bom, pediu demissão. O clínico geral Thiago Serafim disse não concordar com a gestão da instituição. O hospital é comandado pela Associação Beneficente São Miguel (ABSM) e está sob investigação desde a morte de seis pessoas por falta de fornecimento de oxigênio, em 19 de março.
Serafim estava há seis anos na instituição e, nos últimos cinco, ocupou o cargo de direção. O médico prestará depoimento nesta quarta-feira (14) à comissão parlamentar de inquérito (CPI) instalada na Câmara de Vereadores em razão das mortes.
O médico José Luís Toríbio Cuadra, responsável técnico da UTI do Lauro Reus, também se demitiu. Ele havia ingressado na instituição a convite de Serafim. Toríbio diz que sai por “motivos pessoais”.
Sobre o problema que causou a interrupção de fornecimento de oxigênio, Serafim disse à GZH que já prestou depoimento à Polícia Civil e aguarda a conclusão das investigações:
— Havia pessoas responsáveis por este sistema, pelo oxigênio, não era algo que estava diretamente ligado a mim. Se eu suspeitasse que podia haver problema, não dormiria em paz, mas fui surpreendido.
Sobre a demissão, Serafim explicou que jamais deixaria o hospital no pico da pandemia, mas que agora, com redução de internações, resolveu sair por “não concordar com os rumos administrativos da instituição”.
A saída de Serafim tem causado muitas manifestações em redes sociais em Campo Bom, onde é citado como “excelente médico, exemplar e humano”. O hospital preferiu não se manifestar sobre a saída dos médicos.
O caso
Na manhã de 19 de março, seis pacientes de Covid-19 morreram depois que o fornecimento de oxigênio do Lauro Reus foi interrompido por cerca de 30 minutos. O hospital nega que tenha faltado oxigênio, apontado problema no sistema de distribuição. O caso é investigado por Polícia Civil e Ministério Público. Uma sindicância tramita no hospital e uma auditoria, na Secretaria Estadual de Saúde.