Desde o início da pandemia da covid-19, não faltam números impressionantes no cotidiano dos brasileiros. Um deles é bastante simbólico de como estão buscando informações com credibilidade neste momento de preocupação global. Dos 20 dias e horários em que a TV teve mais audiência nos últimos cinco anos, 11 ocorreram em março de 2020.
O dado – revelado pela Kantar Ibope Media, empresa especializada em gestão de investimento de informação, e referente à medição na Grande Porto Alegre – vem ao encontro do verificado em outros veículos jornalísticos, como GaúchaZH. Somados os acessos por navegador de internet e aplicativo, o site teve, em março e abril, as duas maiores audiências de sua história. Em março, foram 97,8 milhões de acessos – 25% a mais do que o mesmo período de 2019. Em abril, foram 90,1 milhões, aumento de 22% em relação a abril de 2019.
A Rádio Gaúcha se mantém líder de audiência há 62 meses, com média diária de 14,67% de share – que é o percentual de ouvintes sintonizados na emissora. Os noticiários da Gaúcha tiveram aumento de audiência entre 15% e 26% no último trimestre em comparação ao mesmo período de 2019. Campeão de audiência, o Gaúcha Atualidade registrou, em média, 104,8 mil ouvintes por minuto. A audiência geral da rádio aumentou 6%, mesmo com jornadas esportivas quase paralisadas.
Entre especialistas e representantes de entidades ligadas à comunicação, o fenômeno é visto como um resgate da confiança do público nos veículos tradicionais.
– O que esses números demonstram é que, enquanto um assunto é apenas ruído, não toca na minha vida, não há incômodo em se informar por uma rede de amigos, pela rede social. Mas quando o assunto da pandemia ficou sério, o público soube optar por sair da fofoca online e ir para o jornalismo buscar informações com seriedade – observa Paulo Tonet Camargo, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
Para Mario D’Andrea, presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), no ainda desconhecido mundo pós-covid, a experiência pode ter um impacto positivo para os dois lados dessa relação. O público pode enfim perceber o valor de pagar por uma informação que teve um custo para ser apurada. Já empresas de comunicação ganham força como selo de credibilidade para buscar e filtrar informações verdadeiras. Se associar a empresas jornalísticas neste momento também se torna interessante a novos anunciantes.
– Se você recebe algo de graça, sempre desconfie. Com notícias não é diferente – declara D’Andrea.
Qualidade
Coordenador do Laboratório de Jornalismo Convergente da Faculdade de Comunicação, Artes e Design da PUCRS, Fábio Canatta destaca a melhora na qualidade do jornalismo em meio à pandemia:
– Além de maior oferta de notícias, houve nos veículos um resgate do conceito de interesse público. Às vezes, o jornalismo priorizava o que as pessoas querem em vez do que elas precisam. A seriedade do assunto fez com que o próprio jornalismo privilegiasse apuração e informação precisas.
Professora da PUCRS e vice-presidente da Associação Rio-Grandense de Imprensa (ARI), Cristiane Finger salienta o formato de programas jornalísticos:
– O assunto da pandemia fez com que os especialistas em saúde ganhassem as bancadas. A opinião de comentaristas é importante, mas ela deve sempre ser emitida por quem tem informação, dados.
Há cautela em afirmar se, entre o que deve mudar após a pandemia, está a relação do jornalismo com o seu público. Porém, há bons indícios de que ela sairá fortalecida. D’Andrea enxerga o crescimento das audiências como um honroso convite do público para que o jornalista entre na sua casa. Já Canatta aponta para um ato mais simbólico: o dos repórteres de TV usando máscaras nos noticiários:
– Minha mãe observa aquilo ali e entende o recado de que os jornalistas estão juntos nessa, não são super-heróis ou donos da verdade.
Impacto na tela
Na comparação entre as duas semanas anteriores à chegada da pandemia ao Rio Grande do Sul com as duas semanas posteriores, a RBS TV registrou crescimento de 31% na média de audiência, com destaque para os noticiários:
- Jornal do Almoço: 492 mil telespectadores por minuto, crescimento de 51%
- Jornal Hoje: 398 mil telespectadores por minuto, crescimento de 59%
- RBS Notícias: 695 mil telespectadores por minuto, crescimento de 28%
- Jornal Nacional: 750 mil telespectadores por minuto, 26% de crescimento
Em comparação aos mesmos meses de 2019, março e abril tiveram 6% e 4% de crescimento na audiência da RBS TV. Em março, a faixa de horário com maior crescimento foi das 18h às 24h, quando teve em média 549 mil telespectadores por minuto (crescimento de 9%). Em abril, a faixa de horário com maior crescimento foi a das 12h às 18h, com 355 mil telespectadores por minuto (crescimento de 7%)
Impacto no rádio
Apurada mensalmente e lançada em médias trimestrais, a audiência da Rádio Gaúcha na pesquisa de fevereiro a abril cresceu 6% em comparação ao mesmo período de 2019. Todos os noticiários apresentaram crescimento superior a 15%
- Gaúcha Atualidade: 104,8 mil ouvintes por minuto, crescimento de 17%
- Timeline Gaúcha: 98 mil ouvintes por minuto, crescimento de 23%
- Chamada Geral - 1ª edição: 88,4 mil ouvintes por minuto, crescimento de 15%
- Gaúcha+: 57,6 mil ouvintes por minuto, crescimento de 26%
- Chamada Geral - 2ª edição: 55,3 mil ouvintes por minuto, crescimento de 21%
O percentual de ouvintes sintonizados (share) na Rádio Gaúcha chegou, em média, a 14,7%. A segunda emissora nesse ranking tem menos da metade do percentual (7,1%). Durante o Gaúcha Hoje, no início da manhã, esse percentual chega 27%, com 100,7 mil ouvintes na faixa das 7h às 8h.
Recordes online
Março e abril de 2020 foram, respectivamente, o melhor e o segundo melhor mês de audiência da história de GaúchaZH. Março registrou um crescimento de 44% em comparação à média dos 12 meses anteriores, enquanto abril registrou 33% de crescimento.
Comparativo entre 2019 e 2020:
Visualizações:
- Março de 2019: 78 milhões
- Março de 2020: 97,8 milhões (crescimento de 25%)
- Abril de 2019: 73,9 milhões
- Abril de 2020: 90,1 milhões (crescimento de 22%)
Usuários:
- Março de 2019: 18,4 milhões
- Março de 2020: 30,1 milhões (crescimento de 63%)
- Abril de 2019: 16,8 milhões
- Abril de 2020: 29 milhões (crescimento de 72,6%)
Sede de informação
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