Eram meados de novembro de 2019 quando o calor intenso e a escassez de chuva passaram a castigar o Rio Grande do Sul. A estiagem adentrou 2020 com força e superou, em abrangência, a de 2012. Nem mesmo as precipitações ocorridas na primeira quinzena de maio serviram para reverter o déficit hídrico acumulado. Até sexta-feira (15), segundo a Defesa Civil, 386 municípios decretaram emergência e outros cinco devem editar o documento nos próximos dias, totalizando 391 localidades afetadas. Oito anos atrás, 381 prefeituras haviam recorrido a esse expediente.
Todas as 25 bacias hidrológicas do Estado chegaram a registrar baixa disponibilidade de água, com alguns rios atingindo os menores níveis da história, segundo a Sala de Situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. A esperada safra recorde de grãos foi frustrada, deixando perda de receita acima de R$ 15,5 bilhões nas lavouras de soja e milho, conforme cálculo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro). De quebra, diversos municípios passaram por dificuldades no fornecimento de água para higiene e consumo humano, em meio à pandemia de coronavírus.
A frequência da chuva deve voltar ao normal conforme o inverno se aproxime e, assim, o período de estiagem ficará para trás. No entanto, 2020 ficará marcado na memória de milhares de gaúchos, nos quatro cantos do território. É o que evidenciam os relatos ouvidos por GaúchaZH em 10 municípios que declararam estado de emergência e figuram entre os mais prejudicados pelo tempo seco.
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