SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador João Doria (PSDB) e o prefeito da cidade de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciaram nesta sexta-feira (31) a criação de um comitê de crise para lidar com o coronavírus caso a doença chegue ao Brasil.
Profissionais da saúde do estado e dos municípios receberão treinamento e capacitação especiais, e R$ 200 mil serão destinados ao Instituto Adolfo Lutz para compra de kits diagnósticos e equipamentos de proteção individual para os hospitais e laboratórios do estado.
No Carnaval, haverá cem pontos de atendimento na cidade de São Paulo.
Na segunda (3), o governo receberá sinalização do Ministério da Saúde sobre a possibilidade de aporte financeiro específico para a epidemia.
Sobre planos para conter possíveis casos de discriminação contra pessoas de origem asiática ou descendentes, o secretário de Estado da Saúde, José Henrique German, disse que o governo está atento a isso. "Não existe a possibilidade de se discriminar pessoas de origem asiática de nenhum modo, não há respaldo científico para isso, mas esses casos acontecerão e precisamos esclarecer que isso não faz sentido", disse.
Em São Paulo, há três casos suspeitos sob investigação. Um homem de 45 anos, da cidade de Paulínia (SP), teve febre, tosse, coriza e dificuldade para respirar ao voltar da China. Ele foi atendido pela rede privada e está em isolamento domiciliar preventivo.
Na capital paulista, um homem de 33 anos e um menino de 6 também estão em isolamento domiciliar após retorno da China.
O infectologista David Uip lembrou que nos aeroportos há mensagens em inglês, espanhol e mandarim sobre o coronavírus que explicam que, em caso de dúvidas sobre sintomas, é recomendável procurar o serviço sanitário do aeroporto. "Um dos casos de São Paulo passou por esse fluxo e acabou descartado", disse. A responsabilidade é da Anvisa.
"Quadros clínicos da influenza devem se misturar aos de casos suspeitos de coronavírus. Precisamos abaixar um pouco a expectativa quanto à identificação de casos", disse David Uip.
Nos portos, são feitas declarações de saúde antes do navio atracar existindo possibilidade de infecção, a Anvisa vai ao navio, faz exame clínico e só após a destinação da pessoa ao hospital ou descarte de caso que o navio pode atracar.
O Instituto Butantan faz parte do comitê estratégico por causa da sua expertise em inovação, pesquisa e desenvolvimento de imunizantes. O Instituto Adolfo Lutz, segundo o governo, dará apoio laboratorial ao comitê, enquanto o Grupo Resgate dará apoio ao deslocamento atendimento inicial de pacientes.
A Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo é o órgão que lidera o comitê, composto pelo CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em São Paulo, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, a Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde da capital) e o Cosems-SP (Conselho de Secretários Municipais de Saúde), que reúne apoio de todas as Secretarias Municipais de Saúde do Estado.
O Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP são os hospitais de referência indicados pelo governo estadual.
Na quinta (30), o Ministério da Saúde já havia selecionado o Instituto de Infectologia Emílio Ribas como centro de referência para a doença. De acordo com a pasta, pessoas que suspeitam ter contraído o vírus devem procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima e serão encaminhadas ao hospital de referência caso não seja possível descartar a infecção que aflige a China desde dezembro de 2019.
No Brasil ainda não há casos confirmados de coronavírus, mas nove são investigados como suspeitos pelo Ministério da Saúde. As suspeitas da doença estão distribuídas atualmente em Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1), São Paulo (3), Rio Grande do Sul (2), Paraná (1) e Ceará (1).
Entre eles, está o caso de uma estudante de 22 anos atendida em Belo Horizonte e que viajou para Wuhan, epicentro da doença. O estado de saúde dela é estável. A previsão é que os resultados dos exames sejam divulgados ainda nesta sexta-feira.
Até está sexta, mais de 9.000 pessoas foram infectadas em todo o mundo e 213 morreram (todas na China).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) reavaliou os riscos do vírus e declarou, na quinta (30) emergência internacional de saúde.