A prefeitura de Porto Alegre e a entidade filantrópica Aldeias Infantis SOS se preparam para receber um grupo de 70 venezuelanos na próxima terça-feira (25). A ação faz parte do programa de interiorização do governo federal para acolher imigrantes que fogem da crise no país vizinho.
O grupo ficará abrigado na área da entidade, que fica na Avenida Caldeia, no bairro Sarandi, na zona norte da Capital. O local, atualmente, abriga 38 crianças e adolescentes vítimas de violência, abandono ou negligência, encaminhados peloJuizado da Infância e da Juventude. Cada casa abriga até oito crianças e uma mãe social.
Como há cinco casas disponíveis, a entidade se colocou à disposição para receber as famílias. Cada residência é equipada com fogão, geladeira, máquina de lavar, sofá e televisão, entre outros itens, e são separadas por uma cerca, em um espaço semelhante a um condomínio. As casas têm quatro quartos, e cada um terá camas e beliches.
Todos os venezuelanos contarão ainda com áreas comuns, que incluem uma pracinha e, futuramente, uma quadra. Por meio de um convênio com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), a entidade receberá uma verba para custeio e alimentação.
— Eu acho que vai ser uma grande oportunidade de crescimento, tanto para nossas famílias quanto para eles, que chegam. Eles chegam com fragilidade por conta da situação, e temos também nossas crianças com fragilidade. Acreditamos que vai ser um momento de potencializar coisas positivas. A nossa missão é de que cada criança tenha amor e segurança, então estaríamos contribuindo neste viés humanitário — explica o gestor da organização em Porto Alegre, Eneas Palmeira Machado.
As casas estão praticamente prontas, mas ainda recebem pequenos reparos, como pintura nas paredes e colocação de móveis. Como o aviso da chegada dos venezuelanos foi feito na última quarta-feira (19), véspera do feriado, a entidade e a prefeitura fazem uma espécie de força-tarefa para deixar tudo em dia:
— Ainda não sabemos quantas famílias virão, sabemos apenas que são 70 pessoas, entre elas casais com crianças. Os venezuelanos já chegam vacinados e com a documentação em dia. O apoio que precisamos da prefeitura é para que todos tenham acesso a áreas como a saúde — conta Machado.
Experiência de outras cidades
A prefeitura está buscando experiência com cidades vizinhas que já receberam venezuelanos, como Esteio e Canoas, para encontrar vagas de trabalho para os imigrantes. Já foi feita uma reunião, intermediada pelo governo do Estado, e outras devem ser feitas. Segundo a secretária de Desenvolvimento Social, Denise Russo, o objetivo é entender qual o objetivo dos imigrantes que estão chegando ao Rio Grande do Sul.
— Queremos organizar o fluxo de trabalho, e precisamos saber como ele está acontecendo nas outras cidades. Apesar de lá ser um modelo diferente do daqui na acolhida, podemos buscar experiência na questão do emprego. Assim que chegarem, vamos identificar suas competências e habilidades — conta.
Conforme a secretária, cerca de 300 venezuelanos já chegaram a Porto Alegre por conta própria. Parte está de passagem e parte vive em casa de familiares ou amigos, com mais recursos, e, por isso, não procura assistência da prefeitura.
Por isso, e pela experiência com haitianos, o Sine de Porto Alegre já está acostumado a trabalhar com imigrantes. Os 70 que chegarão devem ficar na cidade por cerca de seis meses:
— Nós temos uma coordenadoria que trata, especificamente, da questão dos imigrantes na cidade. O objetivo é encaixar os venezuelanos no perfil de vagas disponíveis e que podem ser criadas. O Sine já sabe como agir nesta área e continuará fazendo este trabalho — garante.
Além do emprego, a prefeitura focará em outras três áreas: saúde, educação e assistência social. Quem quiser ajudar já pode doar travesseiros, lençóis, roupas quentes (para crianças e adultos) e cobertores na sede da Secretaria do Desenvolvimento Social, fica na Av. Princesa Isabel, 1115.
Além de Porto Alegre, Esteio e Canoas já receberam imigrantes no último mês. Outros venezuelanos também serão encaminhados para Cachoeirinha e Chapada, no norte do Estado.