O Rio Grande do Sul já é o novo destino de 502 imigrantes fugidos da grave crise no país de Nicolás Maduro pelo programa de interiorização do governo brasileiro. Até o final deste mês, outros 259 venezuelanos devem desembarcar em solo gaúcho. Conforme a previsão divulgada nesta sexta-feira (14) pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), os próximos voos devem decolar de Boa Vista, em Roraima, rumo ao aeroporto Sagado Filho, em Porto Alegre, nos dias 25 e 27 de setembro.
No dia 25, o destino final de 40 venezuelanos será Cachoeirinha, na Região Metropolitana. Para o dia 27, o MDS prevê a chegada do maior número de imigrantes num único voo, um total de 219, que serão encaminhados para Chapada, no norte do Estado (50), Cachoeirinha (40) e Canoas (129), na Região Metropolitana.
— Com este esforço concentrado de interiorização, estamos conseguindo melhorar a qualidade de vida dos imigrantes e abrigar os que ainda estavam nas ruas em Roraima. O grande desafio será integrá-los à sociedade e ao trabalho — avaliou o ministro do MDS, Alberto Beltrame, que visita os alojamentos de Canoas nesta sexta-feira (14).
A prefeitura de Esteio, que recebeu o primeiro grupo de venezuelanos deslocados para o Estado, com 125 homens, e um segundo com 87 imigrantes, incluindo mulheres e crianças, já ofereceu aulas de português e elaborou 90 currículos, sendo que 12 foram encaminhados para entrevista e cinco pessoas já foram contratadas.
— Ver alguns já empregados por empresas da região nos dá a certeza de que estamos adotando estratégias corretas e que o projeto de interiorização aqui tem tudo para ser um modelo de êxito para outros municípios — afirmou o prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal (PP).
No caso de Canoas, que recebeu 288 imigrantes nos últimos dois dias, o foco ainda está na avaliação de saúde e no cadastro junto ao sistema de assistência social. Nesta sexta-feira (14), o Banco de Oportunidades começou a cadastrar currículos nos abrigos.
Famílias querem recomeçar
Desde o segundo voo que veio ao Estado, os grupos são diversificados, com um grande número de crianças, algumas nascidas em Roraima, e também de mulheres, incluindo grávidas.
Uma delas é Aryelis Ramirez. Aos 20 anos, a dona de casa, que largou a faculdade de Engenharia de Processos Químicos porque não podia pagar a passagem até a universidade, atravessou a fronteira carregando uma filha de dois anos no colo e outra na barriga, com sete meses de gestação.
Em Boa Vista, encontrou com o marido, Domingo Cortesia, 28 anos, que já estava em solo brasileiro havia um mês. Depois de passarem duas semanadas dormindo nas ruas de Boa Vista e outras duas em um abrigo, o casal conseguiu embarcar no Boeing 767 da Força Aérea Brasileira e chegar até ao Rio Grande do Sul.
— Isso aqui tá sendo o nosso sonho americano — resumiu Aryelis, agradecendo pelas roupas, comida e quarto que ganhou em Canoas.
O marido é especialista em manutenção de ar-condicionado. Entretanto, como repetem, via de regra, os venezuelanos que chegaram ao Estado, quer trabalhar independentemente de onde for.
— Quero trabalhar para poder dar um futuro aos meus filhos, já que o futuro no nosso país foi tirado da gente — conclui Cortesia.
Programa de interiorização para o RS
Voos já realizados
Esteio
05/09 - 125 pessoas
13/09 - 89 pessoas
Canoas
12/09 - 201 pessoas
13/09 - 87 pessoas
Próximos voos
Cachoeirinha
25/09 - 40 venezuelanos
27/09 - 40 venezuelanos
Chapada
27/09 - 50 venezuelanos
Canoas
27/09 - 129 venezuelanos