Por volta das 15h desta quinta-feira (13), mais 176 imigrantes venezuelanos que estavam em Roraima desembarcaram no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Depois de chegar em um avião da Força Aérea Brasileira, o grupo se deslocou em ônibus para Canoas e Esteio, na Região Metropolitana.
De acordo com o governo federal, 90 deles ficarão em Esteio e 86, em Canoas. Os prédios que servirão de abrigo são alugados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em Esteio,chegaram 21 crianças, cinco adolescentes, 30 mulheres com idades entre 20 e 46 anos e 22 homens que têm entre 22 e 55 anos. Há outros cinco pessoas ainda sem descrição do perfil, segundo o governo federal. Em Canoas, são 30 crianças, quatro adolescentes, 26 homens adultos e 20 mulheres adultas. Há outras nove pessoas que não tiveram o perfil confirmado.
Em Esteio, antes de irem para os alojamentos, os imigrantes foram recebidos no Ginásio Sílvio Batista, no bairro Vila Osório. Durante a noite, no abrigo, que fica no bairro Três Portos, haverá um jantar preparado por outros venezuelanos que já estão na cidade.
— Eu estava naquele atentado que sofremos em Pacaraima, em Roraiama, no mês passado. Lutei muito para chegar aqui. Todos somos seres humanos. A Venezuela está em uma situação grave. Só estamos buscando uma nova vida e agradecemos muito pela ajuda e o apoio que estamos recebendo — disse Carlos Alberto Alien, que trabalhava como segurança na Venezuela e está no Brasil há quatro meses.
Alien veio para o Brasil com uma amiga e os dois filhos dela. Os pais das crianças ficaram no país vizinho. Como a maioria dos imigrantes que estão chegando, a expectativa é conseguir trabalho e, depois, trazer os familiares.
— Estou há oito dias no Brasil. A diferença que noto é que, em Roraima, éramos hostilizados muitas vezes. Foi difícil. Aqui (no Rio Grande do Sul), percebo um carinho. Estamos sendo muito bem recebidos. Meu objetivo é conseguir emprego e depois trazer minha família para ao Brasil — disse Abraham Guerra, que chegou em Esteio nesta quinta-feira com o irmão.
Por enquanto, Esteio e Canoas são as únicas cidades do Estado que receberam os imigrantes que estão saindo de Roraima para diversas regiões do Brasil.
— A gente está contando muito com a ajuda de voluntários e disponibilizando todo o cuidado. Os próprios venezuelanos que chegaram antes estão ajudando muito. Na primeira semana, sete deles já conseguiram emprego. Nesse primeiro momento, estamos auxiliando na elaboração de currículos. Algumas vagas estão sendo abertas, e eles estão indo nas empresas se apresentando e buscando vagas de empregos — destacou a secretária municipal de Cidadania, Trabalho e Empreendedorismo, Tatiana Tanara.
De acordo com o governo federal, há tratativas em andamento para que as cidades de Chapada, no norte do Estado, e Cachoeirinha, na Região Metropolitana, também recebam imigrantes venezuelanos até o fim do mês.
Esse é o terceiro grupo que chega ao Rio Grande do Sul desde que o governo federal anunciou o projeto de interiorização dos imigrantes que vêm para o Brasil fugindo da grave crise na Venezuela. Os primeiros 125, que foram encaminhados para Esteio, desembarcaram no dia 5 de setembro. O segundo avião chegou na última quarta-feira (12), com 201 venezuelanos.