Uma fazenda ociosa em São Francisco de Paula, na serra gaúcha, será a nova morada de uma família venezuelana a partir desta segunda-feira (10). Pai, mãe e filho fugidos da crise na qual vive seu país serão acolhidos por um produtor rural, que ofereceu casa e emprego.
Rodrigo Becker, 34 anos, conheceu o projeto Fraternidade sem Fronteiras em um programa de televisão. Sensibilizado com a situação dos venezuelanos em Roraima, resolveu oferecer ajuda e ao mesmo tempo receber:
— Há mais de dois anos eu precisava alguém de confiança para trabalhar como caseiro, que quisesse morar no interior para voltar a investir na criação de ovelha — conta o produtor.
A casa desocupada na fazenda foi transformada com a ajuda de amigos: televisão, móveis, roupas, ranchos de comida e até um porta-retrato com a foto da família Carvajal-Inagas aguardam os novos moradores, que desembarcam no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, na tarde desta segunda.
As passagens foram pagas com ajuda de apoiadores do Fraternidade sem Fronteiras, projeto que prevê diversas formas de auxílio, desde doação em dinheiro, oferecimento de emprego e moradia, até ser um tutor, ajudando na integração em um novo destino (veja no final da reportagem como ajudar).
Outras duas famílias de migrantes que vivem em Roraima devem ir para Jaguari, na região central do Rio Grande do Sul, nas próximas semanas, também fruto do projeto de ajuda humanitária internacional, que não tem vínculo com governos ou entidades religiosas. Até agora, 87 pessoas já foram acolhidas em todo o país.
Às vésperas da principal festividade gaúcha, a Semana Farroupilha, Becker já programa ensinar o venezuelano Daniel Antonio Carvajal, seu futuro caseiro, a assar um costelão no 20 de Setembro.
Yesika Maria Inagas, que cuidará dos afazeres domésticos e futura horta, e o filho do casal, Eduardo Ruiz Inagas, já matriculada em uma escola de São Francisco de Paula, serão convidados a degustar o prato típico.
— Quero mostrar que eles são como qualquer um de nós e mostrar aos venezuelanos que são bem-vindos aqui. Acho que vai ser bárbaro — afirma o produtor rural.
Como ajudar pelo Fraternidade Sem Fronteiras
O apadrinhamento é o coração dos projetos da Fraternidade sem Fronteiras. A contribuição mensal dos padrinhos, de R$ 50 ou mais, mantém e assegura a continuidade do trabalho de acolhimento.
Você pode ajudar a acolher um trabalhador ou uma família na cidade onde mora. Una amigos, familiares, um grupo de pessoas para montar uma casa, e apoiar o começo de uma nova vida para os imigrantes.
Você pode ajudar, ainda, criando uma oportunidade de emprego para um ou mais trabalhadores venezuelanos.
Sempre que um trabalhador ou família receber uma oferta de emprego ou se deslocar para outra cidade, um tutor fraterno zelará por essa nova fase, mantendo contato com todos os envolvidos.