
Foi preso pela segunda vez em três dias o gaúcho que estimulou, em conversa com parceiros pela Deep Web, a realização de ataques terroristas durante show da cantora Lady Gaga no Rio de Janeiro. O espetáculo reuniu 2,1 milhões de pessoas no bairro de Copacabana, no último fim de semana.
O homem tem 49 anos, é morador de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, e durante a semana passada participou de um complô pela internet com outras nove pessoas, para a realização de atentados durante a apresentação da cantora norte-americana. Ele não participaria pessoalmente, mas induziu jovens e adolescentes a usarem explosivos para matarem crianças e pessoas LGBTQI+ que fossem no espetáculo.
Ele já tinha sido preso em flagrante no último sábado (3), porque foram encontrados com ele três revólveres em situação irregular, durante vistoria feita por policiais civis na sua residência em Novo Hamburgo. Após ser conduzido para audiência judicial, ele pagou fiança e foi liberado, porque as armas eram de calibre permitido.
Por que o homem envolvido no complô terrorista foi preso novamente? Por dois motivos. O primeiro é que ele estava convocado a comparecer a uma audiência de custódia no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp) e não compareceu. O desrespeito à convocação judicial desgostou a juíza responsável pela audiência, Fabiana Pagel.
O segundo motivo é que ela se inteirou de detalhes da investigação e considerou que o suspeito oferece risco à sociedade, se ficar em liberdade. Na decisão, a magistrada considerou que, embora não exista informação de apreensão de material explosivo com ele, o fato de pessoa que é investigada pela prática de atos de terrorismo, atentado e discurso de ódio ter em sua posse três armas merece maior cautela. E que, diante da gravidade do caso, não é cabível a aplicação de medidas cautelares diversas da segregação preventiva.
No despacho que justifica a prisão, Fabiana afirmou que o combate ao discurso de ódio é essencial para a construção de uma sociedade mais justa, segura e democrática. "Quando ideias preconceituosas e discriminatórias são disseminadas livremente, estas não apenas ferem a dignidade de indivíduos e grupos marginalizados, mas também alimentam a intolerância, a violência e a exclusão social".
Outros oito adultos e adolescentes são investigados por planejarem atentados, mas só o gaúcho de Novo Hamburgo permanece preso. A investigação é da Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Judiciário daquele Estado não concedeu ordens de prisão, apenas de busca.