Além da alegria de desembarcar no Rio Grande do Sul, com a certeza de ter à espera um abrigo com banho e cama quentes, o venezuelano Leonardo García e a família tiveram um motivo a mais para comemorar. A poodle Princesa, seis anos, pode embarcar com eles no voo da Força Aérea Brasileira (FAB) ontem à tarde, com destino à Capital. Junto aos García, desembarcaram 137 imigrantes. Setenta foram levadas para a zona norte da cidade, no abrigo Aldeias Infantis SOS, organização humanitária internacional. Outros 40 foram conduzidos a Cachoeirinha, 21 a Canoas e nove a Esteio.
O ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, conta que ficou sensibilizado com o drama da família. Em Boa Vista (RR), Princesa vivia na casa de uma moradora vizinha ao abrigo, e podia ser visitada diariamente.
– Só me faltou pedirem de joelhos para trazer a cadelinha junto. Não faz parte do programa, mas não dá para virar as costas para um drama humano com esse. Estou feliz com o desfecho – conta Beltrame, que intermediu a conversa com a FAB para embarcar o animal.
No abrigo de Canoas, também não é permitido ter pets. Por isso, assim que chegaram à nova casa, ontem à tarde, conversaram com uma moradora, que se ofereceu a abrigar Princesa:
– García é advogado, bem instruído. Torço para que logo consiga emprego e possa procurar uma casa em que a família possa viver com o bichinho – conta o ministro.
O grupo que ficará em Porto Alegre é composto por diversas crianças, mulheres e homens. Em Cachoeirinha, os venezuelanos ficarão em um abrigo alugado pela Organização das Nações Unidas. Amanhã, outros 40 devem se juntar aos que chegaram ontem na cidade. No total, o Rio Grande do Sul já recebeu 602 imigrantes.
Desde abril, o governo federal transferiu de Roraima para outros Estados 2.206 venezuelanos. Eles foram levados a São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Manaus, Pernambuco, Paraíba, Distrito Federal e Paraná. A estimativa do Planalto é de que cerca de cinco mil imigrantes ainda estejam em Roraima.