O advogado Lúcio de Constantino, que defende o empresário Vinícius Pellenz — preso na quinta-feira (31) por locaute (boicote empresarial) — informou que está concluindo um pedido de habeas corpus na manhã desta sexta-feira (1º) para ingressar hoje mesmo na Justiça Federal. A prisão temporária é por cinco dias. Por enquanto, a defesa entende que ter uma opinião sobre a greve não é delito e deve mencionar no pedido de soltura que autoridades responsáveis por permitir a paralisação também deveriam ser punidas, não devendo ocorrer somente investigações após o término da mobilização sobre supostos incentivadores.
Constantino diz que é um dever da polícia procurar quem incentivou os bloqueios, mas afirma que Pellenz não fez ameaças ou coações. Além disso, ele destaca que existem vários áudios do seu cliente, alguns divulgados e outros não. Em uma das gravações não reveladas e que, segundo Constantino, estaria com a Polícia Federal, o advogado diz que Pellenz demonstraria preocupação em colocar caminhões nas estradas para evitar maiores prejuízos.
- Opinião a favor ou contra uma mobilização não é delito, delito é o constrangimento a outras pessoas e isso meu cliente afirmou não ter feito - explica Constantino.
O advogado entende que mesmo o áudio já divulgado favorece seu cliente. Na mensagem, à qual GaúchaZH teve acesso, o empresário manda recado a outro para interromper o transporte em meio a greve dos caminhoneiros no Estado: "para teus caminhões ali". A Polícia Federal considera esse um indicativo de interferência do empresário na paralisação da categoria, enquanto Constantino interpreta que a gravação aponta a preocupação de Pellenz em indicar um local de parada para seus funcionários.
O superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, delegado Alexandre Isbarrola, em entrevista na manhã de sta sexta-feira ao Gaúcha Atualidade, reafirmou que a prisão temporária é por cinco dias, podendo ser prorrogada por mais cinco. No entanto, após esse prazo Pellenz pode ser liberado para responder em liberdade ou ter um pedido de prisão preventiva contra ele. Ele segue na sede da Polícia Federal em Porto Alegre, onde documentos, áudios e depoimentos de testemunhas estão sendo analisados. Isbarrola voltou a falar que existem mais inquéritos em andamento contra outras pessoas investigadas por locaute e que também está se apurando o envolvimento de terceiros no caso do empresário preso ontem.
— O objetivo destes empresários, até o que posso dizer no momento, era recrudescer o desabastecimento, principalmente de combustível e de rações para animais. Mas o ganho que eles teriam com isso ainda é apurado — ressalta Isbarrola.
O policial diz ainda que os postos de combustíveis eram usados como pontos de contenção de caminhões após abordagens em vias mediante ameaças ou violência. Ele pede que vítimas destes fatos procurem a Polícia Federal para denúncias.
Apesar de Pellenz informar em redes sociais que pertence à Transportadora Irapuru e de constar em sites que ele recebeu veículo em nome dela, a empresa divulgou um comunicado à imprensa negando relação com o empresário:
"Considerando os recentes acontecimentos, a Irapuru Transportes vem a público esclarecer que o Sr. Vinícius Pellenz não é sócio, administrador ou representante da empresa. Portanto, qualquer pretensa ação pessoal que lhe esteja sendo imputada no episódio conhecido como 'Greve dos Caminhoneiros' não expressa a posição da empresa, tampouco configura qualquer responsabilidade desta nos fatos veiculados na imprensa. A empresa espera que essa situação seja esclarecida com a máxima brevidade e permanece à disposição para colaborar com as investigações."