A Polícia Federal conta com diversos depoimentos de caminhoneiros para encorpar o inquérito envolvendo o empresário preso nesta quinta-feira (31) por locaute. Vinícius Pellenz teve a prisão temporária decretada por crimes contra a liberdade do trabalho, ameaça e associação para o crime. Ele foi o primeiro empresário preso no país por locaute durante a atual greve dos caminhoneiros.
Conforme fontes da PF, o transportador não admitia relutância dos motoristas em aderir à paralisação do transporte e os intimidava. Tudo isso será checado agora, inclusive com o depoimento do empresário.
Os policiais não detalham de que forma se dava essa intimidação, mas há relatos de motoristas de que até armas de fogo eram usadas por pessoas ligadas à direção da empresa de transportes Irapuru para ameaçar os não grevistas. Isso será investigado. Um revólver calibre .38 foi encontrado numa das residências de Pellenz.
Os bloqueios coordenados por integrantes da empresa Irapuru aconteciam em estradas federais, estaduais e até em vicinais, na encosta da Serra. Mesmo atalhos buscados por caminhoneiros para realizar entregas eram vigiados pelos piqueteiros. Os principais alvos eram caminhões de combustível, de transporte de grãos e de proteína animal (ração).
— Há relatos de motoristas obrigados a parar e retirados a força das cabines — diz um dos policiais envolvidos na Operação Unlocked.
Outra tática era rechear laranjas com miguelitos (pregos retorcidos) para furar pneus de quem tentava passar pela estrada, o que configura crime de dano ao patrimônio.
A Irapuru tem 560 carretas e 15 filiais. Estão na mira da PF outros sócios da empresa e também empregados que ajudaram a promover os bloqueios.
Em nota, Lúcio de Constantino, advogado do empresário preso, disse que Pellenz negou a coação e admitiu apoio à greve dos caminhoneiros.
"Em seu depoimento, ele negou coação aos caminhoneiros e admitiu apoio à paralisação. A opinião dele em relação à greve não é delito, até porque o Pelenz não fez ameaças. Só porque o governo é fraco não pode responsabilizar o cidadão que a ele se opõe. Vamos ingressar com habeas corpus para libertação do cliente", aponta a nota divulgada na tarde de quinta.