A colheita de uva nas partes mais baixas da região da Serra já começou no final do mês de novembro. É o caso do Vale do Rio das Antas, região mais baixa e quente, onde a antecedência é de quase um mês em variedades mais precoces. A colheita antecipada é resultado da falta de frio neste inverno, que acelerou o amadurecimento. O número de horas de frio foi menor que a metade do normal.
Com isso, os mercados começaram a ser abastecidos mais cedo com as uvas de mesa, assim como as cooperativas e vinícolas com as uvas para produção de sucos e vinhos. Conforme Benildo Perini, presidente do Sindicato da Indústria do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (Sindivinho-RS), a qualidade e a sanidade da uva, até o momento, estão melhores do que no ano passado. O motivo, segundo ele, é a sequência de dias de sol, com chuvas espaçadas e mais frio à noite nesta fase de amadurecimento. O agrônomo Ênio Todeschini, da Emater Serra, também ressalta que há uma boa sanidade dos parreirais.
Na Perini, que recebe uvas de 300 produtores em diversas regiões, o recebimento da safra começará no final deste mês. Na cooperativa Garibaldi e na vinícola Aurora, já começou a entrega de uvas das variedades chardonnay e pinot noir, além de variedades de mesa.
No distrito de Faria Lemos, em Bento Gonçalves, bem próximo ao rio das Antas, o agricultor Auri Flamia iniciou a colheita em 30 de novembro, na localidade de Linha Ferri, cerca de 20 dias antes do normal. Ele já colheu três toneladas de uvas das variedades francesa Concord, de mesa e que também é usada na fabricação de bebidas, além de niágara rosada e branca.
Flamia já fez a entrega nos mercados, mas está preocupado com as variedades bordô e violeta, que são usadas na fabricação de bebidas, porque está encontrando dificuldade para fazer a entrega da produção. Diversas cantinas ainda não abriram para receber a safra.
Um dos riscos, conforme Flamia, é que uma sequência de dias chuvosos favoreça a formação de fungos e cause doenças como a glomerella, que provoca o secamento dos grãos, enquanto as uvas ainda não foram retiradas das parreiras.
Segundo Benildo Perini, não se pode afirmar ainda quando a safra terminará, mas a tendência é que ela seja mais prolongada do que o normal na Serra como um todo. As últimas entregas são de uvas produzidas nos Campos de Cima da Serra, e podem ocorrer em março ou abril.