A Justiça decidiu, nesta terça-feira (28), pelo arquivamento do inquérito policial sobre a morte do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, ocorrida em 2 de outubro. A decisão foi um pedido do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), que concordou com a conclusão da Polícia Civil de que o ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) cometeu suicídio em um shopping de Florianópolis.
O despacho do juiz Marcelo Volpato de Souza acompanha o parecer do promotor Andrey Cunha Amorim, que cita trechos do inquérito policial onde constata que a morte foi por suicídio. No documento, a promotoria ainda cita que a prisão de Cancellier na operação Ouvidos Moucos pode ter contribuído para o quadro de depressão da vítima:
"(...) dias antes do seu suicídio, a vítima foi presa provisoriamente, permaneceu encarcerada por um ou dois dias e teve sua prisão revogada judicialmente. Do ponto de vista psíquico, tais fatos, evidentemente, podem ter contribuído para o agravamento do quadro de depressão do ofendido, levando-o ao ato extremo de ceifar a sua própria vida."
No entanto, o promotor faz uma ressalva: "do ponto de vista jurídico, nos termos do art. 13 do Código Penal, constituem-se como causas absolutamente independentes de eventual crime doloso contra a vida, objeto do presente inquérito policial".
O MP cita, ainda, trechos do inquérito policial produzido pelo delegado Eduardo Mattos, que ficou responsável pela investigação, concluída no final de outubro. A polícia adicionou ao inquérito o exame toxicológico feito pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), que constatou que Cancellier usava Citalopram, medicamento utilizado no tratamento de depressão.
Luiz Carlos Cancellier estava proibido de entrar na UFSC desde 14 de setembro, quando foi deflagrada a Operação Ouvidos Moucos, em que ele era investigado por suposta tentativa de obstruir a investigação sobre desvios no programa de educação a distância Universidade Aberta do Brasil (UAB).
Na ocasião, ficou preso pouco mais de 24 horas, sendo libertado no dia seguinte. Além dele, seis servidores foram presos e outros cinco conduzidos coercitivamente pela Polícia Federal.