O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes usou sua conta no Twitter para dizer que o morte de Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), "serve de alerta sobre as consequências de eventual abuso de poder por parte das autoridades".
Encontrado morto em um shopping center no centro de Florianópolis, o reitor afastado carregava no bolso apenas sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e um bilhete, segundo a assessoria da Polícia Civil. "Eu decretei a minha morte no dia da minha prisão pela Polícia Federal", escreveu no papel, segundo a polícia.
Cancellier foi preso em 14 de setembro na Operação Ouvidos Moucos da Polícia Federal, que investiga desvio de verba em bolsas de educação à distância do programa Universidade Aberta do Brasil (UAB). Ele e outros seis investigados ficaram presos por um dia. A suspeita era de que o reitor havia interferido nas investigações que haviam iniciado na corregedoria da universidade.
A Justiça Federal de Florianópolis chegou a autorizar o reitor, que estava afastado do cargo, a entrar na universidade para que ele pudesse orientar os seus alunos de mestrado e doutorado. A autorização de permanência na UFSC era de três horas.
"Não estou antecipando responsabilização, mas o caso demonstra que, algumas vezes, sanções vexatórias são impostas sem investigações concluídas", escreveu Mendes no Twitter. "O sistema de justiça precisa de extremo cuidado para que excessos não sejam cometidos. Estamos lidando com a vida e a dignidade das pessoas", continuou o ministro do STF.
Gilmar Mendes concluiu sua mensagem dizendo "ser necessário que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) e o Ministério da Justiça atuem no caso da morte do reitor".