Engenheiro e advogado, Carlos Marun está no primeiro mandato de deputado federal e, mesmo estreante, ganhou notoriedade por ser um dos principais defensores de Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara. Para Marun, a defesa de Cunha será feita a partir da pressão política sobre os adversários, sejam eles do PT, do PSDB ou do Judiciário.
Como vai ser a defesa de Eduardo Cunha no Conselho de Ética? Há críticas apontando procrastinação em favor dele.
Às vezes, penso se estão brincando ou trabalhando sem seriedade.
O PSOL aditou a representação, trouxe fatos novos, a tal delação premiada, questão de contas no Exterior, e isso obviamente vai reabrir o prazo da defesa.
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Haverá estratégia para alongar o processo?
Vamos manter o cumprimento do respeito ao devido processo legal. Como estratégia maior, vamos questionar PT e PSDB. Os dois pedem no Conselho de Ética uma rápida evolução do caso. Vamos questionar se eles continuam pensando em rápida cassação sem que se exerça o direito de defesa, no momento em que o grande nome do PT está sendo acusado de receber presentinhos, tipo sítio e triplex. E Aécio Neves, no recesso, foi acusado em duas delações premiadas. E, ainda, na época do FH, o PSDB teria sido beneficiado com US$ 100 milhões de propina da Petrobras. Será que, diante de tudo isso, esses dois partidos continuam achando que o direito de defesa não deve ser respeitado?
Qual a expectativa sobre o pedido de afastamento de Cunha sob alegação de que ele usa a presidência da Câmara para se proteger?
Até o Lewandowski (Ricardo, presidente do STF) já avisou o Planalto de que não há cabimento nesse pedido. É mais uma peça desprovida de conteúdo. É difícil encontrar na legislação o arcabouço legal para um pedido de afastamento do presidente da Câmara. Isso só seria em razão do trânsito em julgado de processo.
A estratégia de Cunha será paralisar a Câmara enquanto o STF não responder aos embargos?
Vai ter uma certa paralisia. Defendo que o Eduardo dê posse à comissão eleita do impeachment (em dezembro, em votação secreta, o que acabou anulado pelo STF). A Câmara sofreu uma agressão tão violenta que, talvez, a reação deva ser no mesmo nível.
O impeachment perdeu força?
Se eu disser que está fácil de sair, estarei mentindo. Mas, se disser que está morto, também estarei mentido. Me dê uns 30 dias para responder.
Cunha vai cair em 2016?
O governo quer o imediato afastamento, mas não pela suspeita de que ele seja desonesto. Se assim fosse, não poderia ter o Renan (Calheiros, presidente do Senado) como maior aliado. É porque o Eduardo aprovou a redução da maioridade penal, o projeto da terceirização, a mudança da remuneração do FGTS. E ele é contra a volta da CPMF e a favor do impeachment. É por isso.