Cerca de 150 manifestantes se reuniram no Praça Montevidéu, no centro de Porto Alegre, às 18h desta sexta-feira, para pedir a saída do deputado Eduardo Cunha (PMDB) da presidência da Câmara dos Deputados.
Após a concentração, o grupo saiu em caminhada pela Rua Borges de Medeiros, com encerramento próximo das 20h no Largo Zumbi dos Palmares.
O protesto contra Cunha, que ocorreu nesta sexta-feia em diversas capitais do Brasil, incluía críticas devido ao descobrimento de contas secretas em seu nome na Suíça, que guardariam dinheiro desviado da Petrobras, conforme apuração da operação Lava-Jato. Com muitos jovens e mulheres integradas ao ato, o peemedebista também era atacado por conta de ter dado tramitação para pautas conservadoras, como o Estatuto da Família e o projeto de lei 5069, de autoria de Cunha, que tipifica como crime contra a vida o aborto e prevê penas para quem "induz a gestante esta prática".
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Machista, homofóbico, racista e corrupto foram as palavras mais utilizadas pelos manifestantes contra o presidente da Câmara.
- Denunciamos o conservadorismo e a postura de Cunha, que coloca a sua religião acima da Constituição - avaliou Titi Alvares, que foi candidata à Câmara de Vereadores em 2012 pelo PC do B e integra a União Brasileira de Mulheres (UBM).
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Em grande parte, o protesto foi composto por simpatizantes do governo Dilma Rousseff, como UJS, MST, UBES, Levante Popular da Juventude e militantes do PT e PC do B. Grupos ligados ao PSOL também compareceram, embora em menor número. A defesa do governo Dilma era uma das pautas.
- Não é o impeachment que vai resolver problemas do Brasil. É uma tentativa de golpe. São pessoas que não se conformaram com o resultado da eleição. O que vai mudar o país é uma nova política econômica - disse Solange Carvalho, 1ª vice-presidente do Cpers e dirigentes da CTB.
Em discurso, a vereadora Jussara Cony (PC do B) chegou a erguer o dedo médio, afirmando que a manifestação era dirigida a Eduardo Cunha.
- Todos os projetos que ele desarquiva são contra a mulher e o Brasil. O Estado é laico - protestou a parlamentar, fazendo menção ao fato de Cunha ser um dos principais nomes da bancada evangélica.
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A redução da maioridade penal, outra pauta que tramita no Congresso com a simpatia do peemedebista, também foi alvo dos manifestantes.
O ato transcorreu sem incidentes. No trajeto pela Borges de Medeiros e no Largo Zumbi dos Palmares, alguns militantes foram contestados por dois pedestres, que perguntaram o motivo de "não protestarem contra o PT". Mas não houve reações.
No Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, cunha é alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar que pode levar à cassação do seu mandato. O peemedebista teria faltado com a verdade em depoimento na CPI da Petrobras, onde disse não ter contas bancários no exterior.