Uma das principais atrações do primeiro dia do Congresso Olímpico Brasileiro, em Salvador, foi o futurista e humanista alemão Gerd Leonhard. Em uma palestra bastante concorrida e com o tema "Que futuro queremos?", ele levantou reflexões sobre os desafios, as expectativas e os possíveis rumos e tendências que estão surgindo e irão conduzir a humanidade, esporte e a tecnologia nos próximos anos.
Leonhard trabalhou na indústria da música por 20 anos. Em 1995 criou o iMusic e buscou gravadoras afirmando que os discos deveriam ter a internet como futuro. Segundo ele, mesmo que a ideia não tenha sido bem aceita, ela viria a ser comprovada 15 anos com o Spotify.
— Eu escrevi isso no meu primeiro livro, "O Futuro da Música". Hoje, 185 milhões de pessoas pagam em média 10 dólares para ouvir música em todo o mundo — disse ele logo no começo de sua apresentação.
Apontado pela revista Wired como uma das 100 pessoas mais influentes da Europa e um dos principais futuristas no mundo pelo The Wall Street Journal, o alemão fez projeções sobre o futuro.
— Nós próximos 10 anos ainda teremos mais mudanças que nos últimos 100 anos. Eu acredito num bom futuro. Teremos boas soluções, só precisamos concordar em como utilizá-las. Muitas coisas que pareciam funcionar bem estão mudando e nós precisamos observar essa mudança. Temos que saber que nosso mundo não está mudando passo a passo e sim a passos exponenciais. O futuro é algo que nós fazemos, que criamos a cada dia. E temos que responder essa questão diariamente: que futuro queremos?
Gerd Leonard também falou sobre as tecnologias, seus benefícios e problemas.
— Eu fiz um filme, "O Bom Futuro". Eu acredito que temos a passagem para ele (futuro). Temos a ciência e a tecnologia. Nosso mundo não está mudando passo a passo, mas exponencialmente. Um telefone hoje tem mais poder que o computador que levou o homem a lua —comentou antes de dizer que apesar de todo progresso, o mundo seguirá necessitando de algo que apenas o ser humano tem.
— Um abraço vale mais que 100 chamadas de zoom porque não somos máquina. Não olhamos apenas tratados. Meu filho assistiu vídeos sobre a Índia e viajou para lá e me mandou uma mensagem dizendo: " Em 25 segundos no mercado de Bombaim aprendi mais sobre a Índia que na internet". E vocês sabem porque ele disse isso? Porque somos humanos, não máquina. Temos coração!.
Gerd Leonhard ainda sobre sustentabilidade, fake news, importância do esporte no contexto mundial e projetou o que imagina que deva se tornar o mundo virtual nos próximos anos. Porém, o alemão fez um importante alerta para todos.
— A tecnologia não tem ética, é uma ferramenta. É necessário um aperto de mãos entre humanos e máquinas. A missão é combinar a experiência online e offline, sempre lembrando que a tecnologia é uma ferramenta, não o fim em si. Nós somos responsáveis pelo futuro, construímos ele com nossas ações. Nós fazemos o futuro.
O II Congresso Olímpico Brasileiro prossegue nesse domingo, com mais palestras e exposições sobre o esporte.