Isaquias Queiroz, 27 anos, é o mais novo brasileiro medalhista de ouro nas Olimpíadas de Tóquio. Ele terminou a final da categoria C1 1000m na liderança, com o tempo de 4min04seg408 e foi premiado com o lugar mais alto do pódio. A prova ocorreu pouco antes do meio-dia de sábado no Japão, no canal Sea Forest.
Ao realizar seu sonho e objetivo nos Jogos Olímpicos e ganhar a medalha, o atleta baiano conseguiu um feito que o coloca em um novo patamar e reforça o trabalho feito por Jesus Morlán. Ele era o técnico que forjou Isaquias e outros campeões da modalidade, mas faleceu durante o ciclo para estas Olimpíadas.
O auxiliar Lauro de Souza Júnior assumiu os treinamentos na canoa, seguindo todos os ensinamentos do antigo técnico, incluindo a programação de treinos. A pandemia de covid-19 pouco afetou Isaquias, que treinava em um local isolado em Lagoa Santa, em Minas Gerais. Mas aí pouco antes da Olimpíada, ele perdeu para Tóquio seu parceiro Erlon de Souza, que por causa de problemas no quadril não poderia competir. Então Isaquias chegou a Tóquio sem seu fiel escudeiro no C2 e acabou ficando fora do pódio na prova.
Na final, ele começou bem e passou a marca de 250m na terceira posição. Na metade da prova, estava em segundo, mas colado no chinês Hao Liu. A partir daí aumentou o ritmo, aumentou a distância e fechou a prova com tranquilidade em 4min04s408. A prata ficou com Liu e o bronze com Serghei Tarnovschi, da Moldávia.
Com a medalha em mãos, Isaquias não escondeu a felicidade, mas também não deixou de lembrar de quem vem sofrendo na pandemia. O brasileiro campeão olímpico aproveitou para dedicar sua medalha às pessoas que perderam um familiar para o novo coronavírus.
— Dedico muito a cada uma das famílias que perderam um ente querido para a Covid-19 — disse o canoísta ao SporTV.
Remando pela vitória
Sair de Tóquio com uma medalha tinha virado obsessão para Isaquias, ainda mais após o quarto lugar em sua primeira disputa no Japão, no C2 1000m, ao lado de Jacky Godmann. Ele acabou ficando fora do pódio e isso o deixou com mais vontade ainda para a disputa individual. Tanto que sobrou nas eliminatórias e se classificou direto para as quartas de final.
— Prometi e fui atrás. Feliz por dar essa medalha de ouro para vocês do Brasil. Era só um menino brincando com os amigos e hoje sou campeão olímpico. Eu quis e vim atrás — contou o atleta multicampeão.
Nesta sexta-feira, manhã de sábado no Japão, ele disputou a semifinal e participou da segunda bateria. Liderou toda a prova, até poupando um pouco de energia no final, e ficou à frente de Tarnovschi, de Conrad Scheibner, da Alemanha, e de Zheng Pengfei, da China. Na outra semifinal quem liderou foi o francês Adrien Bart, seguido pelo chinês Hao Liu, pelo checo Martin Fuksa e pelo cubano Fernando Jorge.
Paris é logo ali
Isaquias é baiano de Ubaitaba, cidade que fica próxima a Ilhéus e que fez uma festa para acompanhar a final do filho ilustre. Quando ele fez história nos Jogos do Rio, cinco anos atrás, desfilou em carro de bombeiro com suas três medalhas: ele foi o primeiro brasileiro a realizar tal feito em um única edição da Olimpíada.
Na ocasião, ele ganhou a medalha de prata no C1 1000m e conquistou outra da mesma cor no C2 junto com Erlon de Souza, também nos 1000m. E ainda garantiu um bronze no C1 200m, algo raríssimo porque para uma distância curta precisa fazer um outro tipo de prova, com mais velocidade e menos resistência.
Agora ele coloca seu quarto pódio olímpico e vai se firmando como um dos maiores atletas brasileiros na história. E já vislumbra um bom desempenho nos Jogos de Paris, em 2024. Lá haverá a distância de 500m, algo que agrada ao canoísta e pode ajudar a ampliar ainda mais sua coleção de medalhas olímpicas.