Bronze nos 200 metros livre, o nadador gaúcho Fernando Scheffer disse que a preparação mental foi determinante para subir ao pódio nos Jogos Olímpicos de Tóquio, na manhã desta terça (27). O atleta de 23 anos, que chegou a treinar em um açude por conta da pandemia, disse que entrou na água na final procurando apenas "curtir o momento", ignorando a pressão por medalhas.
— Na semifinal, eu estava me cobrando muito. Aí na final eu decidi nadar tranquilo e feliz. Não pensei em resultado e em medalha, só queria aproveitar cada braçada. Imaginei que eu estava nadando sozinho no clube e, quando bati na borda e vi o placar, nem acreditei — disse o nadador em entrevista exclusiva a GZH.
Na fase classificatória, Fernando Scheffer bateu o próprio recorde sul-americano, nadando em 1min45s05. Na semifinal, porém, o tempo do gaúcho subiu para 1min45s71, ficando no limite da classificação. Na final, em contrapartida, o atleta superou novamente o próprio recorde e completou a prova em 1min44s66, ficando atrás apenas dos britânicos Tom Dean e Duncan Scott.
— Esse resultado vem para mostrar que a gente pode muito mais mais do que a gente pensa. A gente tem que acreditar mais na gente e deixar acontecer, deixar fluir. Às vezes, a gente se cobra demais, e essa cobrança pode desviar o nosso foco. Não temos que olhar para a raia do lado. Temos que olhar para gente e fazer o nosso melhor — completou.
Natural de Canoas, Scheffer começou a nadar aos sete anos e teve como principal combustível para prosperar nas piscinas a competição com o irmão mais velho, Augusto Scheffer, que, na infância, nadava mais rápido.
— O meu irmão foi a minha primeira referência. O início da minha competitividade foi querer ganhar dele. Ele nadava melhor do que eu, e eu queria ganhar dele um dia. Aí ele se afastou da natação e eu acabei tendo mais resultados, sendo chamado para treinar no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre — disse o nadador.
Hoje atleta do Minas Tênis Clube, Scheffer recorreu à criatividade quando o clube fechou as portas por dois meses, em 2020, devido à restrições impostas pela pandemia de coronavírus. Para poder treinar, o atleta acabou improvisando raias em um açude no interior mineiro.
— Dois meses sem treinar é muito tempo para um atleta de alto rendimento. Então, colocamos raias no açude de um sítio de um amigo nosso e nadamos lá mesmo. Sempre procuramos trabalhar com as ferramentas que tínhamos na mão — explicou.
Com o bronze de Fernando Scheffer e o ouro do surfista Ítalo Ferreira, conquistado na última madrugada, o Brasil tem agora cinco medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, incluindo a prata dos skatistas Kelvin Hoefler e Rayssa Leal e o bronze do judoca gaúcho Daniel Cargnin.