O gaúcho Daniel Cargnin conquistou a medalha de bronze na categoria até 66 kg (meio-leve) do judô nas Olimpíadas de Tóquio, ao derrotar na disputa do terceiro lugar o israelense Baruch Shmailov com um waza-ari. Esta é a segunda medalha do Brasil no Japão, depois da prata conquistada, também neste domingo (25), por Kelvin Hoefler na categoria street do skate.
— Um tempo atrás, sonhei que tinha ganhado uma competição. Mas acordei e não era real. Agora é real. Falei com a minha mãe após a luta, ela estava feliz, mas parece que ela sabia que eu iria ganhar a medalha — contou o judoca após a luta, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Natural de Porto Alegre, Daniel Cargnin é bicampeão Pan-Americano de judô (Lima 2019 e Guadalajara 2020). Nesta edição realizada no berço da modalidade, o Japão, o gaúcho conquistou a 23ª medalha do judô brasileiro em Olimpíadas, categoria que mais levou o país ao pódio na história, com quatro ouros, três pratas e 16 bronzes.
A medalha premiou um ciclo olímpico pontuado por desafios: além de ter sofrido lesões, Daniel teve covid-19 e não pôde participar do Mundial. Nesse momento, o apoio da família foi fundamental.
A mãe do atleta, Ana Rita, falou com a Rádio Gaúcha após a vitória do filho na disputa pelo terceiro lugar. Emocionada, ela contou:
— Quando ele soube que não seria cabeça de chave, ele disse: "Bá, mãe, não sei onde vou cair, e para disputar uma medalha, vou ter que eliminar um cabeça de chave". E isso passou a ser uma preocupação dele.
Mas, após cinco lutas difíceis, Cargnin levou o bronze. Algoz do gaúcho na semifinal, o japonês Hifumi Abe conquistou a medalha de ouro ao vencer o georgiano Vazha Margvelashvili na final. O sul-coreano Baul An completou o pódio com a outra medalha de bronze, depois de vencer o italiano Manuel Lombardo.
Como foi a luta
O combate foi tenso, com uma disputa acirrada entre Cargnin e Shmailov pela pegada. Com um minuto, o israelense recebeu uma punição por falta de combatividade. Em seguida, o brasileiro conseguiu um belo golpe e pontuou com um waza-ari.
A luta precisou ser interrompida porque Cargnin sofreu um corte no nariz. Ele recebeu atendimento e, quando voltou, Shmailov tentou de tudo para pontuar. Nos segundos finais, o brasileiro amarrou a luta, tomou punição por falta de combatividade, mas garantiu a vitória.
A campanha
Na competição, o gaúcho Cargnin estreou com uma vitória sobre o egípcio Mohamed Abdelmawgoud e no segundo combate superou Denis Vieru, da Mongólia. Ao retornar ao tatame para a terceira luta, encarou uma pedreira: o italiano Manuel Lombardo, o primeiro colocado no ranking mundial. Em um combate muito tenso, Cargnin conseguiu um waza-ari a menos de 10 segundos do fim e avançou para as semifinais.
Na disputa por uma vaga na final, o brasileiro enfrentou o japonês Hifumi Abe e foi derrotado por ippon. O atleta da casa conquistou o ouro ao superar na final o georgiano Vazha Margvelashvili. A outra medalha de bronze da categoria meio-leve foi conquistada pelo sul-coreano Baul An, que derrotou o italiano Lombardo na disputa do terceiro lugar.
Na categoria feminina até 52 kg, a irmã de Hifumi, Uta Abe, também levou o ouro, completando a festa da família. Na final, ela superou a francesa Amandine Buchard. Os bronzes entre as mulheres foram conquistados pela italiana Odette Giuffrida e a britânica Chelsie Giles. A brasileira Larissa Pimenta foi eliminada na segunda luta justamente pela campeã Uta Abe.