A quase dois meses do início dos Jogos de Tóquio, chegou a vez de arriscar as tradicionais projeções de medalhas. Que desta vez estão afetadas em parte, claro, pelo ciclo olímpico atípico. Para muitos atletas, o 2020 foi basicamente dedicados a treinos e recuperação de lesões crônicas.
Portanto, em diferentes modalidades, a última referência é o desempenho de 2019. E essa última amostragem foi promissora para o Brasil, que conquistou 22 medalhas e seis ouros em Campeonatos Mundiais ou competições equivalentes.
Ainda se beneficiando de investimentos feitos para os Jogos do Rio (mesmo que tenha havido redução no aporte de recurso desde 2016) e com a estreia de novos esportes nos Jogos em que o país é destaque no cenário internacional, não é exagero apostar que o Brasil possa superar a marca de 19 medalhas e sete ouros conquistados na Olimpíada.
Veja a seguir quem tem mais chances de entoar o Hino Nacional no Japão.
SURFE
O Brasil é hoje a maior potência no surfe, um dos esportes estreantes em Tóquio. O bicampeão mundial Gabriel Medina e o atual campeão do CT, Italo Ferreira, despontam como os maiores favoritos ao ouro nos Jogos. Brasileiro que mais venceu etapas no circuito (15), Medina é o líder do ranking da temporada 2021, seguido por Italo – e se não houvesse limitação de duas vagas por país, Felipe Toledo, 3º colocado do Mundial até o início da 5ª etapa, também seria forte candidato a medalha.
Para aumentar ainda mais as chances da dupla, o havaiano John John Florence, bicampeão do circuito e hoje maior adversário dos brasileiros, se recupera de cirurgia no joelho esquerdo e corre contra o tempo para chegar em condições à Olimpíada. No feminino, Tatiana Weston-Webb também tem boas chances de fazer bonito na praia de Tsurigasaki a partir de 25 de julho, quando têm início as baterias da competição olímpica. Gaúcha radicada no Havaí, ela é vice-líder do ranking e já venceu uma etapa do CT nesta temporada.
SKATE
São múltiplas e variadas as chances brasileiras de medalhas em outro esporte que estreia nos Jogos. No skate, nossos atletas estão entre os melhores do mundo nas duas modalidades olímpicas, o park e o street. Como são permitidos a inscrição de até três representantes por país em cada modalidade e por gênero, a seleção brasileira poderá levar 12 skatistas ao Japão. E nomes de peso não faltam.
A começar por Pâmela Rosa, Rayssa Leal e Leticia Bufoni, respectivamente 1ª, 2ª e 4ª colocadas do ranking mundial do street. No último Mundial, disputado em 2019, em São Paulo, Pâmela foi a campeã, e Rayssa, então com apenas 11 anos, terminou em segundo lugar. Já Letícia conquistou o título mundial em 2015 e foi vice em três edições seguidas, de 2016 a 2018. Não seria surpresa, portanto, um pódio triplo tupiniquim na Olimpíada.
No park masculino, Luiz Francisco (2º do ranking), Pedro Barros (atual 4º da lista e campeão mundial em 2018) e Pedro Quintas (6º) também são candidatos ao ouro. No street masculino, Kelvin Hoefler, que já conquistou medalhas de todas as cores em Mundiais, é outro brasileiro com ótimas chances de pódio.
BOXE
A baiana Beatriz Ferreira tem tudo para repetir a trajetória do conterrâneo Robson Conceição, que na Olimpíada do Rio 2016 tornou-se o primeiro campeão olímpico do boxe brasileiro. Em 2019, Bia teve um ano mágico: conquistou o título mundial e o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima.
A pugilista de 28 anos é atual número 1 do peso leve feminino (-60kg) no ranking da Associação Internacional de Boxe (Aiba).
CANOAGEM VELOCIDADE
Único brasileiro a conquistar três medalhas na mesma edição dos Jogos (duas pratas e um bronze no Rio 2016), Isaquias Queiroz desta vez competirá em "apenas" duas provas da canoagem velocidade. Em ambas – C1 1.000m e C2 1.000m ,– o baiano de 27 anos entrará no grupo dos favoritos.
No Mundial de 2019, foi campeão na prova individual e terceiro na canoa dupla, com Erlon de Souza. No último sábado, na Copa do Mundo da Hungria, Isaquias voltou a competir depois de quase dois anos dedicados a treinos. Foi prata no C1 1.000m e bronze no C2 1.000m.
VELA
Atuais campeãs olímpicas e donas de um ouro e quatro pratas em Mundiais, Martine Grael e Kahena Kunze chegam fortes para a disputa da vela no Japão. Em 2021, a dupla já venceu duas importantes competições em Lanzarote, na Espanha, reunindo as melhores velejadoras do mundo na classe 49erFX.
No último dia 9, elas foram bronze em Cascais, em Portugal. A caminho de sua sétima participação nos Jogos, Robert Scheidt ainda é um nome de respeito na laser. Em abril, o velejador de 48 anos foi prata em um evento em Portugal, apenas um ponto atrás do alemão Philipp Buhl, atual campeão mundial. Jamais duvide de um atleta com cinco medalhas olímpicas no currículo.
JUDÔ
A atual posição de Mayra Aguiar no ranking mundial (12ª colocada na categoria até 78kg feminino) não condiz com o potencial da judoca de 29 anos de brigar pelo ouro nos Jogos de Tóquio.
Recuperada de uma cirurgia no joelho esquerdo que a tirou de combate das principais competições nos últimos meses, a gaúcha volta aos tatames na segunda semana de junho, no Mundial da Hungria. Será uma ótima oportunidade para a bicampeã mundial e dona de dois bronzes olímpicos buscar a revanche contra Madeleine Malonga, atual líder do ranking e que derrotou a atleta da Sogipa na semifinal do último Mundial, em 2019, em Tóquio – a francesa foi campeã e Mayra levou o bronze.
GINÁSTICA ARTÍSTICA
Arthur Nory entrou no seleto rol de campeões mundiais da ginástica brasileira, em outubro de 2019, com uma apresentação próxima da perfeição na barra fixa. Se repetir o desempenho, dificilmente será desbancado em Tóquio. Em meia à pandemia, em 2020, o atleta de 27 anos submeteu-se a uma cirurgia para corrigir um antigo problema no ombro esquerdo.
Bronze no solo no Rio 2016, voltará às competições no Pan-Americano da modalidade, de 4 a 6 de junho. Ao seu lado na equipe brasileira estará outro campeão mundial e candidato a pódio nos Jogos, Arthur Zanetti, ouro em 2012 e prata em 2016 nas argolas.
ESGRIMA
Italiana naturalizada brasileira, Nathalie Moellhausen já havia feito história nos Jogos do Rio ao se tornar a primeira atleta do país a chegar às quartas de final de um torneio olímpico de esgrima.
Em 2019, foi mais longe ao conquistar o título mundial na espada feminina. Atualmente, a esgrimista de 35 anos é a quarta colocada no ranking da arma.
VÔLEI
Ainda sob impacto da longa internação do técnico Renan dal Zotto, que desde abril luta contra um quadro grave de covid-19, a seleção brasileira de vôlei masculino será comandada por Carlos Schwanke na Liga das Nações, a partir de 28 de maio, em Rimini, na Itália.
Atual campeã olímpica e vice mundial (também conquistou o título da Copa do Mundo em 2019), a equipe do levantador Bruninho, do oposto Wallace e do ponteiro Lucarelli lidera o ranking mundial. Chegará a Tóquio na condição de forte candidata a mais um ouro nos Jogo. No feminino, a seleção é terceira colocado no ranking, atrás de China e EUA, e deve brigar por pódio no Japão, mas sem o mesmo favoritismo de antes.