Na última semana, a equipe de Esportes do Grupo RBS promoveu uma série de entrevistas com o objetivo de discutir o futuro do esporte olímpico após a pandemia de coronavírus que paralisou todas as competições e adiou a Olimpíada de Tóquio.
O objetivo foi debater e apontar algumas soluções para temas que envolvem desde o racismo no esporte, a formação de novos atletas e as políticas públicas de incentivo aos atletas, entre outros. Para isso, foram ouvidas inúmeras personalidades, entre dirigentes, ex-atletas e demais profissionais ligados ao esporte. Confira o que disseram os entrevistados.
Diretor-geral do COB comentou, entre outros assuntos, sobre a projeção do órgão para Tóquio 2021 e também sobre a preparação dos atletas brasileiros durante esse um ano de adiamento do evento. Além disso, Sampaio falou sobre o enfrentamento ao racismo no esporte olímpico.
— Hoje temos uma política de enfrentamento e combate aos assédios sexual e moral para evitar esse tipo de agressão que impacta o ser humano para o resto da sua vida. Assim será também no caso do racismo, que ocorre no esporte brasileiro e mundial, na sociedade, de maneira muitas vezes velada, mas que ocorre. Estamos trabalhando nesse curso a distância de enfrentamento a esse mal da sociedade.
Lars conquistou duas medalhas olímpicas em Seul 1988 e Atlanta 1996, mas desde que se acidentou vem sendo uma das vozes mais fortes no que diz respeito ao esporte olímpico. Além de todo o seu conhecimento dentro dos Jogos, o ex-velejador também já participou do governo federal de Fernando Henrique Cardoso e do governo de São Paulo com Geraldo Alckmin. Lars falou sobre a disparidade entre os treinamentos entre os atletas em um período de pandemia.
—Se o COI permitir essa condição de assimetria, isso afetará um dos pilares dos Jogos Olímpicos, o fair play. Se não houver fair play, a Olimpíada fica seriamente ameaçada.
Hortência conquistou uma medalha de prata na Olimpíada de Atlanta em 1996, além disso tem outras grandes conquistas no basquete, já foi dirigente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e é voz forte no que diz respeito a valorização dos atletas brasileiros. Ela defende que o basquete no Brasil precisa de investimentos.
— Você não consegue fazer nada sem dinheiro. O basquete masculino tem a NBB, uma liga com boa gestão. Tem retorno de televisão, da mídia. No fundo, o brasileiro gosta de basquete, tanto que a NBA é um sucesso ano Brasil, todo mundo assiste, todo mundo gosta, torce. Na minha época, o ginásio ficava lotado, porque o brasileiro gosta de um jogo bem feito, de emoção. Precisamos ter ídolos, mas nossos ídolos estão indo embora.
A Coca-Cola é uma dos maiores patrocinadores dos Jogos Olímpicos e desenvolve uma relação com o Comitê Olímpico Internacional há quase 100 anos. Fort fala sobre essa relação e também sobre investimentos e profissionalização da gestão dentro do esporte brasileiro.
—Obviamente tem muito a se fazer, tem muitos clubes mal administrados, muitas federações do mesmo jeito, isso vai acabar gerar um processo de seleção natural, porque o investidor vai sempre olhar as organizações bem administradas para confiar o seu dinheiro na mão de pessoas que vão usar para o bem e ajudar as empresas a crescerem.
Jornalista de formação, Parsons acabou fazendo sua carreira dentro do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e começou a galgar espaço dentro do esporte paralímpico. Desde 2017, é presidente do comitê internacional e por isso ganhou uma cadeira no COI. Ele fala sobre a possibilidade de cancelamento de Tóquio 2020.
— Isso não tem sido discutido dentro do COI, do IPC e do (comitê) Tóquio 2020. Faço parte da comissão de coordenação do COI para os Jogos de Tóquio, temos representantes nessa força-tarefa, além disso temos nossa posição como IPC no dia a dia com Tóquio 2020. Não há uma data considerada em que vai ser tomada a decisão (de manter ou adiar a Olimpíada em 2021). Óbvio que tem de tomar essa decisão alguns meses antes dos Jogos, como aconteceu esse ano.
Renan atualmente é técnico da seleção masculina de vôlei, mas em seu currículo tem uma medalha de prata como jogador e já foi ex-dirigente de clubes de vôlei e futebol e da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Com experiência, ele fala sobre os investimentos nos esportes olímpicos no Brasil e como eles se diferenciam do futebol.
— Tive a oportunidade de trabalhar dois anos no futebol (foi dirigente do Figueirense). A diferença para o esporte olímpico é que o futebol não depende só de pessoas. O futebol tem processo em que o clube perde o seu principal ídolo, perde treinador, ou muda de presidente, e o clube continua sendo retroalimentado por todo o sistema. O voleibol e outras modalidades olímpicas ainda dependem das pessoas fazerem acontecer. Quando essas pessoas acabam se desmotivando e vão para outras áreas, aquele projeto acaba.