O adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021, definido pelo Comitê Olímpico Internacional a pedido do Governo do Japão, não é uma garantia de que a crise de saúde global provocada pela pandemia de coronavírus estará sob controle até 23 de julho do próximo, nova data anunciada para a Cerimônia de Abertura de Tóquio 2020.
No comunicado feito nesta segunda-feira (30), quando o novo cronograma foi definido, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, afirmou esperar que os Jogos sejam "uma celebração da humanidade, uma luz no fim do túnel", após a pandemia que praticamente paralisa o mundo.
E logo após este anúncio, Yoshiro Mori, presidente do comitê organizador, disse em entrevista coletiva que o vírus é sua "principal preocupação" e que espera que a situação mude devido aos avanços da medicina.
O que inquieta os dirigentes japoneses é uma informação do diretor da Associação Japonesa de Doenças Infecciosas, Kazuhiro Tateda, que afirmou ainda não ser possível garantir que os contágios do novo coronavírus podem ser drasticamente reduzidos até o próximo verão no país. Segundo ele, o que se prevê "´é que o ritmo da propagação desacelere".
Em entrevista à agencia Kyodo News, Takeda fez a seguinte projeção.
— O novo coronavírus está se espalhando em um ritmo muito rápido. Nos próximos meses, o vírus se espalhará nos hemisférios norte e sul. Se as pessoas que se recuperarem ficarem imunes ao vírus, podemos dizer que o surto se acalmará. Mas não podemos dizer como estará a situação em um ano.
Nesta segunda, Tóquio alcançou a ilha principal de Hokkaido, no norte do país, como a prefeitura com mais infecções por coronavírus.
Se me perguntarem se o coronavírus seguirá no verão do ano que vem, não posso dizer que ficará tudo absolutamente bem. Mas se algo assim acontecer, não apenas o Japão, mas também o resto do mundo estarão em uma situação devastadora. Eu prevejo que as pessoas venham com novos medicamentos, se for o caso — disse Toshiro Muto, presidente do comitê organizador local.
Desde o anúncio das novas datas dos Jogos, federações internacionais e comitês olímpicos elogiaram a medida. Porém, todos seguem no aguardo de novas notícias vindas da medicina, já que alguns especialistas, como Koji Wada, professor da Universidade Internacional de Saúde e Bem-Estar, acreditam que organizar os jogos no próximo verão pode ser "difícil", uma vez que o vírus causador se espalhou por todos os continentes do mundo, exceto pela Antártica, desde que eclodiu.
— Acho um pouco otimista demais assumir que muitas pessoas se tornarão imunes ao vírus em um ano e três meses e poderão viajar de um lado para o outro — disse em entrevista recente citada pela Kyodo News.