A Seleção Brasileira voltou a decepcionar. Depois de empatar com a Venezuela, em Cuiabá, o Brasil foi derrotado pelo Uruguai, em Montevidéu, na noite desta terça-feira (17). Com sete pontos conquistados, a equipe de Fernando Diniz ocupa o terceiro lugar nas Eliminatórias para a Copa do Mundo e vem sofrendo com críticas pelas atuações. GZH perguntou aos comunicadores Maurício Saraiva, Marcelo De Bona, Luciano Périco e Diogo Olivier os motivos para o Brasil ter decepcionado nesta data Fifa.
Palavra dos especialistas
Maurício Saraiva, comentarista da RBS TV e da Rádio Gaúcha
"Esta sensação do provisório que a Seleção vive, desde a definição de um ano para o Diniz na expectativa de que talvez o Ancelotti diga sim daqui a 12 meses, é um fiasco institucional que está indo para dentro do campo. Tudo é provisório. A bagunça não é só dentro de campo na dificuldade do Diniz de implementar as suas ideias. A bagunça começa fora e inevitavelmente para dentro das quatro linhas. O Brasil hoje é um futebol chamado bagunça e não falo do Brasileirão, falo da Seleção Brasileira."
Marcelo De Bona, narrador e apresentador da Rádio Gaúcha
"Não se trata de qualidade ou falta dela. Não há jogadores injustamente fora da convocação. Um ou outro nome poderia estar presente, mas nada absurdo. O que temos é isso e precisamos lidar com essa realidade de não contarmos com “Ronaldos, Rivaldos e Romários”. Acho que, antes da qualidade, falta espírito e identidade. Nosso jeito de jogar está diferente, nossas lideranças desaparecem em campo e os maiores talentos individuais não correspondem na Seleção. O problema é macro, vai além do Diniz ou do Neymar. Aliás, o Brasil precisa começar a pensar o ciclo de Copa sem o seu camisa 10. É urgente um alinhamento de CBF, técnico e jogadores sobre quem é e como deve ser a Seleção Brasileira."
Diogo Olivier, colunista de GZH e comentarista da Rádio Gaúcha
"Vejo dois problemas. O Brasil, sim, tem uma safra de jogadores que não é a melhor comparada com o Brasil de antes, que sempre teve dois ou três extraclasses. Hoje falta isso. Neymar saiu lesionado ontem e aí acabou tudo. Nos outros jogos, mesmo contra a Bolívia e Peru, foi o Neymar quem resolveu. Mas isso não é o principal. O principal é o projeto. O Brasil definiu que o treinador é o Ancelotti e escolheu para a transição outro que pensa completamente diferente. É uma ausência de visão mínima do que se precisa para um ciclo. Diniz foi colocado nas Eliminatórias sem tempo de implementar nada. Ele tem um lado de querer colocar a marca dele, talvez pudesse ser mais pragmático mantendo um jogo que os atletas estavam mais acostumados, mas ele é assim. Não vou condená-lo por fazer o que sempre fez. O problema central da Seleção está nisso, em não ter um projeto. Os jogadores sabem que o técnico não vai ficar e que o próximo fará tudo diferente."
Luciano Périco, narrador e apresentador da Rádio Gaúcha
"Não tenho medo de errar afirmando que hoje é a nossa pior geração de todos os tempos. Falta qualidade e envolvimento com a Seleção Brasileira. Os atletas estão preocupados apenas com suas carreiras milionárias fora do Brasil. Em algumas posições, como nas laterais, as opções são limitadas. Citando alguns casos específicos, Casemiro está longe de ser um líder. Vini Jr não explode para assumir a função de protagonista. Não temos um camisa 9 confiável. A grave lesão de Neymar só piora o quadro. E o camisa 10 parece estar mais preocupado com as questões extra-campo do que o foco no futebol. Estrelas como Ronaldo, Rivaldo, Romário e Ronaldinho Gaúcho ficaram no passado. Nem falo da turma de craques liderada por Pelé, o maior de todos na história. Tampouco a turma diferenciada dos anos 1980. O Brasil atual está fadado a ser um mero coadjuvante no próximo Mundial".