O Valencia divulgou, na manhã desta quinta-feira (15), uma nota de repúdio contra as declarações dadas pelo atacante Rodrygo sobre os atos racistas proferidos contra Vinicius Junior no estádio Mestalla, em 21 de maio. Em entrevista coletiva após o treino da Seleção Brasileira, na quarta (14), em Barcelona, o jogador do Real Madrid disse que, naquela partida, viu o "estádio inteiro" gritar "mono" ("macaco", em espanhol) para o companheiro de equipe. O clube mediterrâneo, por sua vez, alega que os atos racistas foram cometidos por apenas três torcedores, já identificados, e pede que o jogador retifique o que foi dito.
Perguntado sobre a existência de racismo na Espanha, Rodrygo falou sobre o episódio ocorrido na derrota do Real Madrid por 1 a 0 para o Valencia, jogo marcado pelos atos de injúria racial sofridos por Vinicius Junior.
— Muitas pessoas dizem que a Espanha é racista. Penso que a Espanha não é um país racista, há racismo em todo o mundo. Há gente racista, mas o país não o é. Eu estava no Mestalla e vi o estádio todo gritar "mono". Também acontece comigo, sou negro. Às vezes não vejo, mas desta vez o Vini viu. Quando vi que ele se queixava, pensei que fosse sobre outra coisa. Mas quando vi o que aconteceu, realmente fiquei triste. Foi um dia muito complicado — declarou Rodrygo.
O Valencia rebate com veemência a ideia de que os insultos racistas foram proferidos pelo "estádio inteiro". Segundo o clube, os atos de injúria racial partiram de apenas três indíviduos, que, de acordo com a entidade mediterrânea, já foram identificadas e banidas do estádio Mestalla para sempre.
"O Valencia CF repudia categoricamente as declarações falsas dadas pelo jogador Rodrygo Goes, nas quais ele disse que todo o estádio Mestalla entoou cânticos racistas contra seu companheiro de equipe. Tais declarações são mentiras graves que contribuem para estigmatizar uma torcida de forma totalmente injusta. Assim como seu treinador, Carlo Ancelotti, que corrigiu suas declarações após o jogo, pedimos a Rodrygo Goes que também corrija essas declarações falsas. O Valencia CF reserva-se no direito de tomar as medidas legais cabíveis para defender a honra do nosso clube e dos torcedores. Além disso, devemos pedir aos jogadores que tenham rigor e responsabilidade ao fazer declarações. Mais uma vez, queremos enfatizar nossa mais forte condenação a qualquer tipo de racismo ou violência, como demonstrado pelo ato do clube de banir de forma vitalícia os três torcedores envolvidos neste infeliz incidente. Não há dúvidas sobre o nosso empenho em erradicar este flagelo da sociedade. Da mesma forma, pedimos o maior respeito aos nossos torcedores e que eles não sejam atacados com informações falsas", disse o Valencia, em nota.
Em entrevista exclusiva a GZH, na quarta (14), o diretor-corporativo do Valencia, Javier Solís, reiterou que os três torcedores que insultaram Vinicius Junior foram punidos e disse que o grito entoado de forma generalizada pelo estádio após a expulsão do atacante foi "tonto" e não "mono", o que, segundo o dirigente, foi mal compreendido pelo técnico Carlo Ancelotti e pelos jogadores brasileiros.
— Tanto o relatório do jogo, que é feito pelo árbitro, como o relatório de segurança, feito por um diretor da La Liga que acompanha cada jogo do Campeonato Espanhol, e também o relatório que a polícia encaminhou ao Ministério Público para apuração dos fatos fazem referência a três indivíduos identificados, que foram os que fizeram gestos absolutamente reprováveis contra o Vinícius. As imagens mostram claramente que nenhum insulto racista foi proferido em nível coletivo ou de forma generalizada por todo o estádio. E é muito importante para nós deixar isso claro para todo o povo brasileiro. O estádio de Mestalla nunca gritou insultos racistas de forma uníssona. Foi um ruído de comunicação, uma confusão de linguagem, Isso está claro. As repetições das imagens e a análise dos áudios mostram claramente que o que foi gritado naquele momento (da expulsão de Vinicius Junior) foi a palavra "tonto". O Valencia sempre foi implacável no combate ao racismo, e nós estamos ao mesmo lado do Brasil nesta luta — declarou o dirigente, número 2 no organograma do clube, abaixo apenas da presidente, a cingapurense Lay-Hoon.
A Seleção Brasileira realiza ainda dois treinamentos em Barcelona antes do amistoso contra Guiné, neste sábado (17), às 16h30min (horário de Brasília), no Estádio Cornellà-El Prat.